Raça Bravon começa registros no Brasil
Os bovinos Bravon são mais rústicos que os Devon, suportando condições extremas
Depois do registro da nova raça sintética Bravon pelo Ministério da Agricultura, em setembro, os primeiros animais da raça começam a entrar no livro de registros da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC). Tratam-se de três terneiros da Fazenda Rio Canoas, de Anita Garibaldi (SC).
As três fêmeas e dois machos são de propriedade do criador Wanderley Corona, que começou a trabalhar nos primeiros cruzamentos em 2017. “Eu coloquei touros com a linhagem vermelha dos Brahman em cima de fêmeas Devon PO, para que o gado não fique pintado, eu quero preservar essa pelagem rubi. O meu plantel é todo vermelho, tanto os PO quanto os não PO. Sou pequeno produtor e sempre acreditei muito na raça. São mansos, carcaça excelente, estou bem satisfeito”, conta.
O registro era uma reivindicação antiga da Associação Brasileira de Criadores de Devon e Bravon (ABCDB). Anteriormente, os cruzamentos eram registrados como Devon CCG (Cruzamento sob Controle de Genealogia) na ANC. O primeiro animal a pertencer a essa categoria foi uma fêmea da Fazenda São Valentin, de Reinoldes Cherubini, de Nova Prata (RS), em 1993. Desde então, constam 504 machos e 2048 fêmeas nos arquivos da entidade.
O serviço cartorial está ao encargo da ANC. Os criadores devem enviar os comunicados de cobertura e nascimento dos animais, assim como já ocorre com a raça Devon.
Potencial para expansão
O Bravon resulta da cruza de animas Devon com zebuínos de corte. Os cruzamentos entre animais Devon e raças zebuínas, como Nelore, Brahman e Sindi, já se espalham desde o Sul do Brasil até regiões mais tropicais, como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Bahia.
Especialistas na raça acreditam no potencial de expansão, especialmente pelas características dos animais. “Acreditamos que a expansão é uma questão de tempo, o reconhecimento da raça Bravon é um impulso importante para a multiplicação dos rebanhos, assim como já ocorreu nas décadas de 1980 e 1990”, comemora Simone Bianchini, presidente da ABCDB.
Os bovinos Bravon são mais rústicos que os Devon, suportando condições extremas como resistência a endo e ecto parasitas, calor e qualidade da forragem. “O Bravon tem vigor híbrido, essa heterose do cruzamento chama a atenção”, ressalta Lucas Hax, diretor técnico da ABCDB.
Otimista também está Wanderley Corona, que diz já ter sido procurado por interessados pelos cruzamentos e projeta futuros negócios. “É uma surpresa positiva, a gente já tem alguns anos de conquistas e tem que manter. Eu me envolvo diretamente e busco resultados, porque isso não é um hobby pra mim. O ganho genético só ocorre quando você coloca nas suas matrizes animais melhoradores, acredito que vai sair na frente quem conseguir fazer os melhores indivíduos. O meu projeto é vender bons reprodutores, acho que nós vamos ter um futuro excelente nessa raça. O Bravon vai longe”.