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Raça em risco de extinção

Embrapa desenvolve projeto para "espalhar" pé-duro pelo país


Pé-duro é uma raça bovina pouco conhecida e criada apenas no Piauí. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Geraldo Magela Cortes Carvalho conta que o rebanho brasileiro tem cerca de 1.500 animais. Segundo ele, a raça é dócil, rústica e resistente. "Também é tolerante às temperaturas elevadas". A ideia da Embrapa é tirar a raça do risco de extinção e espalhar criatórios por todo o Brasil.

O projeto de Cruzamento entre Raças Bovinas de Corte, desenvolvido pelo Piauí tem o objetivo de avaliar estratégias de utilização de recursos genéticos animais para produção eficiente de carne bovina de qualidade, em diferentes regiões brasileiras. Os pesquisadores também pretendem estudar o desempenho de cruzamentos envolvendo as raças nelore e taurina adaptadas e não adaptadas. A meta é ter animais precoces e produtores de carne macia de boa qualidade.

Esse projeto é composto por 5 planos de ação em que são avaliados com diferentes estratégias de cruzamentos específicos para cada região estabelecida pelo projeto. "Avaliamos a possibilidade de aumentar a proporção de bos taurus nos animais, acima de 50% e também queremos melhorar ainda mais a maciez".

Os projeto é desenvolvido por um grupo de parceiros, incluindo unidades da Embrapa, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e Universidade de São Paulo (Unesp).

O plano de ação conduzido pela Embrapa Meio-Norte, denominado Cruzamento para Otimizar o Desempenho Materno e Reprodutivo de Vacas de Corte e a Qualidade da Carne na Região Nordeste tem como objetivo principal avaliar os produtos de cruzamento entre nelore e pé-duro. Geraldo explica que o projeto está no segundo ano e terá duração de 4 ciclos reprodutivos. Os tratamentos se dividem em 3 lotes de cruzamentos, nelore com nelore, nelore com pé-duro e pé-duro com pé-duro.

Neste plano, os pesquisadores irão avaliar os resultados relacionados ao desempenho ponderal e resistência a parasitas. Após o confinamento terminal as carcaças serão avaliadas e também será medida a maciez da carne. Os resultados finais, se favoráveis, poderão tirar o pé-duro do risco de extinção e inserir a raça no mercado, como uma alternativa para cruzamentos visando à produção de carne de qualidade nas regiões semiáridas e tropicais do Brasil.

Os bovinos que aportaram no Brasil com os colonizadores tinham pelagens diversas e vieram principalmente da península ibérica. Não se tem data exata da chegada dos primeiros animais na América.

No Nordeste brasileiro também foram introduzidos, em menor quantidade, animais de origem holandesa. E foi assim, resultado dessa miscigenação e adaptação aos diversos ecossistemas que surgiu pelas mãos da seleção natural a primeira raça de bovinos em terras tupiniquins: a curraleira ou pé-duro.

Até o início do século 20, a raça curraleira reinou soberana por mais de três séculos quando se iniciaram as importações de zebuínos em maior escala. A chegada desta raça no Brasil provocou o início de uma nova era na pecuária brasileira.

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