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Raiva de bovinos ainda causa perdas no campo

Incidência é menor que no passado, mas doença mata 40 mil cabeças/ano


A raiva ainda é um problema para os rebanhos de bovinos brasileiros. Embora não tenha mais a mesma incidência que em décadas passadas, a doença ainda é um fantasma que assombra os produtores rurais e traz prejuízos. De acordo com o site do Instituto Pasteur, ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, o Brasil perde cerca de 40 mil cabeças de gado ao ano – ou cerca de US$ 15 milhões.

Hélio Langoni, veterinário e professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, enxerga um declínio no número de casos. Apesar disso, considera a ocorrência freqüente e merecedora de atenção de produtores e autoridades públicas.

Ele destaca dois principais motivos para a preocupação: por ser uma zoonose (moléstia animal transmissível ao ser humano) e pelo impacto econômico – o pecuarista perde o bovino atingido.

O principal agente de transmissão do vírus (Lyssavirus, da família Rhabdoviridae) da enfermidade é o morcego hematófago (que se alimenta de sangue) Desmodus rotundus. “O controle desse voador é essencial para evitar a propagação da doença”, afirma Langoni. “Se não houvesse desequilíbrio ecológico, a raiva ficaria restrita aos nichos do morcego, sem a expansão a áreas urbanas e rurais”, diz.

Fatal a animais e humanos

A raiva é uma doença fatal para os seres humanos e os animais infectados. Os principais sintomas em bovinos são isolamento, “tristeza”, hipersalivação, tremores e paralisia, entre outros. Hélio Langoni diz ser importante buscar orientação técnica para verificação de casos suspeitos e também para prevenção. A melhor medida, indica, é a vacinação.

Sobre a doença ser transmitida ao homem através da carne, Langoni considera a possibilidade remota, pois o cozimento e a fritura deixam o vírus inativo. Ele considera difícil também a transmissão pela carne crua, apesar de a possibilidade, neste caso, ser maior, sobretudo a quem tiver cortes na boca.

"Doença é incomum", garante pecuarista

O produtor rural José Silveira Neto, de Bauru (SP), não acha comum encontrar casos da doença. Pelo menos na região de sua propriedade. Em sua opinião, esse fato faz com que só a minoria dos pecuaristas vacine os rebanhos. O professor Hélio Langoni lembra que a vacinação não é obrigatória. Porém, caso seja identificada a presença do transmissor da raiva, ele a recomenda como a melhor forma de prevenção, sobretudo por sua eficácia.

“Profissionais que trabalham em atividades de risco, como veterinários e zootecnistas, devem procurar orientação sobre prevenção”, afirma. “E a vacina é uma delas”, completa Langoni.

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