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Reajuste na farinha de trigo pressiona padarias da região do Grande ABC


A farinha de trigo teve alta média de 18% nos últimos 20 dias para as padarias do Grande ABC, o que deve resultar nos próximos dias em aumento no preço do pão francês na região. Representantes dos moinhos de trigo enumeram a cobrança do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição sobre Financiamento da Seguridade Social) sobre produtos importados – que entrou em vigor dia 1º de maio – somada à alta do valor do trigo no mercado internacional e à elevação da taxa cambial neste mês como fatores que obrigam o segmento a fazer reajustes.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação do Grande ABC, Antônio Carlos Henriques, o preço da saca de 50 kg de farinha especial, que custava R$ 49 no mês passado, subiu para R$ 58 (alta de 18%) e chega a R$ 62, aumento de 26%, e a pré-mistura foi de R$ 26 para R$ 32 (23%). "A venda está deprimida, e as pessoas (os empresários do ramo) estão com medo de aumentar, mas ou reajusta para sobreviver ou acaba quebrando", afirmou. O custo do pão francês varia atualmente de R$ 0,18 a R$ 0,25 na região.

A alta do trigo e a taxa cambial pressionam os custos dos moinhos, de acordo com a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo). "Como, na composição do custo da farinha de trigo, 75% vem do custo do trigo em grão, sua curva de preços acompanha o do grão", disse o presidente da associação, Roland Guth. O país depende em pelo menos 70% da importação do insumo para o consumo interno.

O trigo, que é uma commodity (com cotação no mercado internacional), subiu no exterior 25% – está em US$ 167 a tonelada, sem incluir o frete, segundo Guth – e o dólar aumentou, nas últimas semanas, da casa dos R$ 2,90 para R$ 3,20 (10%). Ele afirmou ainda que, por ser uma commodity, o preço do produto agrícola nacional também tem subido.

Mas a pressão nos custos preocupa os moinhos. "Tentamos negociar com os clientes para não haver desabastecimento e para que possamos ter condição operacional", disse o representante do conselho de administração do Moinho São Jorge, de Santo André, Nilo José Sirio. Ele afirmou que a margem, que já era achatada, passou a ser negativa para toda a indústria.

Sirio disse que a incidência do PIS/Cofins (7,65%) sobre os importados é um custo a mais, já que se trata de um encargo que não existia. A Abitrigo negocia com o governo para que haja uma compensação tributária que reduza o impacto desses impostos.

Supermercados – No setor supermercadista, a alta do trigo ainda não chegou, mas já há sinalizações, em um momento em que o segmento se recupera. Em abril, houve alta de 2,4% em vendas em relação a abril de 2003. Segundo o presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Sussumu Honda, há indústrias que enviaram novas tabelas, com alta de 7% a 8%. Ele acrescenta que, se o dólar ficar na casa dos R$ 3,20, em junho virão novos aumentos.

A rede Coop, de Santo André, ainda não observa uma onda de majorações. "Estamos estocados de farinha de trigo e ainda não houve comunicados de aumento", disse o gerente de compras da Coop, Valdomiro Sanches.

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