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Receita cambial com lácteos atinge recorde

O mês passado foi o melhor da história para o leite, com US$ 22,94 milhões - valor 78,7% superior ao mesmo período de 2006


A menor produção de leite e a taxa cambial reduziram as exportações brasileiras de lácteos. Apesar disso, o País vem obtendo receita recorde. O mês passado foi o melhor da história, com US$ 22,94 milhões - valor 78,7% superior ao mesmo período de 2006 e quase 20% de toda receita desde janeiro. Os volumes foram 9,6% menores - 7,9 mil toneladas.

De janeiro a agosto, o Brasil comercializou 50,87 mil toneladas de leite e derivados - 17,4% a menos que no mesmo período do ano passado. As vendas trouxeram US$ 116,65 milhões em divisas, um acréscimo de 18,13%. Com isso, o superávit do setor é de US$ 23,8 milhões - maior que o melhor ano da história, em 2004, quando foram US$ 9,5 milhões em 12 meses.

Os preços internacionais elevados - mais que o dobro do praticado no ano passado - explicam a diferença entre a receita superior, apesar do volume inferior. Aliado a isso, a produção menor dificulta o abastecimento das indústrias. "Apesar das cotações internacionais mais altas, em muitas vezes o mercado interno fica melhor", diz o pesquisador Gustavo Beduschi, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).

"Os preços internacionais mais que dobraram devido ao aumento da demanda asiática", explica Maria Helena Fagundes, técnica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além disso, há uma menor produção mundial de leite em virtude de problemas climáticos em países como a Austrália. Ela afirma que neste ano houve uma mudança no perfil dos produtos exportados - em primeiro lugar o leite em pó e em segundo o leite condensado (o inverso de 2006). O leite em pó tem maior demanda e preços internacionais mais altos. As vendas deste produto aumentaram 140% em agosto e 16% no ano, em volume.

Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que para a produção de leite em pó é necessária mais matéria-prima que para o leite condensado. "O mercado está muito comprador porque não existe oferta".

Apesar da queda no volume comercializado, no total de lácteos, empresas que exportam mais leite em pó têm registrado aumento nos embarques. A Serlac Trading S.A. - maior exportadora do País -, por exemplo, registrou acréscimo nas vendas. No acumulado do ano, os embarques somaram 18 mil toneladas - 26,7% a mais que no mesmo período de 2006 -, com receita de US$ 45 milhões (alta de 125%). "Aumentamos o volume e, além disso, o leite em pó é mais caro", explica o presidente da Serlac, Alfredo Degoeye Júnior. A empresa, que passa por reestruturação, responde por quase 40% das exportações brasileiras (em receita). Segundo ele, a busca por leite em pó fez com que a trading abrisse o mercado asiático e, em breve, o mexicano.

O mesmo preço internacional que elevou a receita da balança comercial dos lácteos diminui as compras brasileiras: 44,2 mil toneladas ou 19,6% a menos no acumulado do ano. A perspectiva de queda nas cotações internas, com a entrada da safra, faz com que a CNA estime que, a partir de agora, os volumes exportados cresçam. "Se não aumentarmos o volume exportado, podemos ter problemas, pois houve investimentos nos últimos meses para o aumento da produção", diz Glauco Carvalho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite).

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