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Receita do produtor de leite é a maior dos últimos nove anos

Em agosto, a cotação do litro chegou a R$ 0,74, com alta de 12,55%, recorde em 2007


Em agosto, a cotação do litro chegou a R$ 0,74, com alta de 12,55%, recorde em 2007. O consumidor de leite terá de suportar pelo menos mais um mês de preços altos. Em agosto os produtores receberam o maior preço desde 1998, com média de R$ 0,74 o litro. Foi também o período com a maior variação percentual do ano: 12,55% superior em relação a julho. E, na quadrissemana, quando a valorização provocou maior impactou na inflação.

A estimativa de analistas de mercado é que apenas com a entrada das chuvas - a partir de outubro - é que o volume captado aumente significativamente e os valores pagos ao produto parem de variar positivamente. No acumulado de 2007 a cotação do produto registra alta de 57,7%.

"O mercado continua aquecido", diz Cristiane de Paula Turco, analista da Scot Consultoria. O valor pago ao produtor em agosto - referente ao leite entregue em julho - foi recorde no ano pelo quarto mês consecutivo. Segundo levantamento da consultoria, o preço deflacionado de agosto foi o maior desde março de 1998 - quando valia R$ 0,52 o litro.

O preço médio mais alto do País é São Paulo: R$ 0,81 o litro, seguido por Minas Gerais: R$ 0,80 o litro. "Como é preço médio estadual, isso significa que tem produtor recebendo R$ 1 por litro", diz Cristiane.

Uma série de fatores explica o aumento das cotações neste ano: uma menor captação decorrente de menos investimentos em 2006, a entressafra (que segue até outubro) e os preços internacionais recordes, diante de uma produção mundial menor. No caso do preço pago em agosto, Cristiane acredita que as empresas ainda precisavam de leite para cumprir a demanda e que, por isso, apesar do aumento do volume captado em julho, ainda tiveram de pagar mais pelo produto. Ela acredita que o quadro tende a se modificar e que, em setembro, os produtores ainda tenham preços recordes, mas a variação percentual seja menor. Ela lembra que no varejo já há indícios de retração nas vendas de UHT (longa-vida) - o mais consumido no País. O preço pago pelo consumidor é de, em média, R$ 2,12 o litro.

Os indicadores da inflação mostram que apesar de preço e variação percentual recordes em agosto para o produtor, para o consumidor "o pior já passou". Segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC/Fipe), Márcio Nakane em termos percentuais, nos últimos dois meses, há uma desaceleração do ritmo de crescimento, que chegou a ficar acima de 10% ao consumidor. Na terceira quadrissemana de agosto, o aumento do preço do leite ao consumidor foi de 6,38% em relação ao mesmo período de julho. Com isso, o leite representou 95,3% do índice, que ficou em 0,11% na quadrissemana.

Apesar do maior valor pago ao produtor em agosto, na média do ano as cotações do leite ainda não superam as de 2000, de acordo com a consultoria. Neste ano, a média está em R$ 0,58 o litro e, em 2000 - entre janeiro e agosto - ficou em R$ 0,60, a maior média da história do índice da Scot Consultoria, que mede os preços desde 1998.

Cristiane diz que em diversas regiões do País o volume de leite captado no mês passado aumentou - 59% dos laticínios pesquisados obtiveram mais leite em julho. Segundo ela, este aumento foi decorrente de suplementação da alimentação e, apenas com a entrada das chuvas é que há disponibilidade de pastagens, com conseqüente maior produção leiteira.

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