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Reconhecimento verde

Agricultor paranaense recebe prêmio internacional por preservar área de mata nativa


Agricultor paranaense recebe prêmio internacional por preservar área de mata nativa

São João do Triunfo (PR) - O produtor paranaense Henrique Gelisnki teve a rotina alterada no mês passado. Ele saiu do pequeno município de São João do Triunfo (120 km de Curitiba) e viajou até Fort Lauderdale, cidade da Flórida, nos Estados Unidos. O motivo da visita foi bastante nobre Gelisnki é um dos cinco Heróis do Hemisfério do ano, prêmio concedido pela Pan American Developmet Foundation (Padf) que reconhece pessoas da América Latina e do Caribe que fazem a diferença nas comunidades que atuam, seja fortalecendo a sociedade em que vivem ou criando oportunidades econômicas.

Neste ano, o paranaense foi o único brasileiro, o único homem e o único escolhido a possuir um trabalho na área ambiental. As demais vencedoras realizam trabalhos sociais na Colômbia, República Dominicana, Haiti e México.

O agricultor trabalha em uma propriedade da família de 40 alqueires, adquirida pelo pai em 1937. A maior parte da renda vem do plantio de fumo, principal atividade da região. Mas ele também usa as terras para produzir batata, cebola, milho, arroz, feijão e alho para consumo próprio e venda, além de possuir 875 cabeças de porco.

Mesmo com a grande diversidade de atuação nas terras da família, uma parte da propriedade ficou intacta. Em 52 hectares é possível encontrar floresta nativa, com diversas espécies de árvores centenárias, entre elas a araucária. "É muito mais rentável usar a terra para plantar, mas o gosto pela natureza é maior. O meu pai deixou esse legado para nossa família", explica o agricultor.

Fato semelhante não é comum encontrar pela vizinhança Muitas pessoas não conseguem entender o motivo da família manter a área preservada, sendo que poderia ganhar dinheiro com o corte de madeira e o uso da terra para outros fins. "Chego a ser chamado de burro por ter essa área intacta", conta Mas Gelisnki não se importa. Na realidade, o que tira o agricultor do sério é saber que as pessoas da região não têm a mesma visão e consomem a mata nativa de diversas maneiras. Em alguns períodos, caminhões passam de madrugada para levar a madeira cortada, como forma de fugir da fiscalização.

Trabalhar sozinho é difícil Manter o patrimônio ambiental deixado pelo pai sem investimento tornava a tarefa quase impossível. Porém, uma ajuda especializada tem contribuído para que as centenárias araucárias continuem por lá. Os 52 hectares da família agora fazem parte do projeto de adoção da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Com isso, o proprietário recebe verba para aplicar na melhoria da área.

Até agora, parte da propriedade já foi cercada, como forma de tentar evitar o corte ilegal de árvores. Também foi construído um trecho de trilha para que alunos de escolas da região possam percorrer o local e estudar sobre os benefícios da natureza. A família recebeu ainda suporte para adequar um espaço para a realização de reuniões e oficinas sobre educação ambiental. A área recebeu placas de identificação do projeto.

"É importante que a preservação, como a existente em São João do Triunfo, seja valorizada. Elas trazem inúmeros benefícios. Sabemos que onde existe mata nativa os rios são menos poluídos", diz o coordenador do programa Desmatamento Evitado da SPVS, Denilson Cardoso. A área preservada também contribui para a polinização de insetos na região, entre outros inúmeros benefícios.

Mas para preservar a mata nativa, é necessária boa dose de vontade do proprietário, já que o investimento recebido é revertido para a manutenção da área. Se de um lado o agricultor deixa de ganhar com a propriedade, de outro não gasta com a manutenção e contribuiu para a preservação ambiental.

Na propriedade da família Gelisnki é possível encontrar imbuia com 5,24 metros de largura e araucárias de 5,20 metros de largura. "Quando meu pai precisava de lenha, marcava algumas árvores para cortar No dia de fazer o corte, voltava para casa sem nada, pois tinha pena", conta o advogado Adão Gelisnki, irmão de Henrique Hoje a família mantém o legado deixado pelo pai e contribui para a diversidade de espécies nativas no Paraná.

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