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Redução de área de milho nos EUA fará Brasil exportar etanol

Nosso custo de produção já é inferior ao do etanol a partir do milho, certamente a redução da área plantada é um fator a mais de competitividade


 O Brasil pode superar as estimativas de exportações totais de etanol para a safra 2008/09 - de 4 bilhões de litros - por conta da possibilidade de aumentar os embarques para os Estados Unidos, maior importador do álcool brasileiro, principalmente a partir de junho.
Nesta semana, o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) divulgou redução de 8% da área plantada de milho naquele país, o que tornará mais caro o grão, que é a matéria-prima do etanol produzido pelos norte-americanos.
A matéria-prima mais cara leva a um produto final com preço mais elevado no mercado dos Estados Unidos, então, o fator pode abrir uma janela de competitividade para o produto brasileiro, mesmo considerando os US$ 0,54 de imposto pago por galão (cada galão possui 3,782 litros) para exportar para aquele país.
"Nosso custo de produção já é inferior ao do etanol a partir do milho, certamente a redução da área plantada é um fator a mais de competitividade", lembra Miguel Biegai, consultor da Safras&Mercados.
Além do preço do milho mais alto e da demanda crescente por etanol, os Estados Unidos têm estoques baixos, de 20 dias de consumo. "Esses estoques já foram de 30 dias. É um reflexo do aquecimento de demanda naquele mercado", diz Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, empresa que comercializa álcool e açúcar nos mercados externo e interno. "Nos Estados Unidos os estoques se medem por dia porque a matéria-prima está mais disponível, não é como a cana, que tem de esperar seis meses", acrescenta.
Felipe Ferraz, brocker da Hencorp Commcor, diz que geralmente as exportações para o mercado norte-americano ficam aquecidas a partir de junho e julho, porque é época de safra no Brasil e os preços do etanol estão mais baixos, enquanto encarecem naquele mercado.
"Em julho é época de férias nos Estados Unidos e há demanda maior por combustíveis", diz Biegai, da Safras.
Fator gasolina
Os especialistas concordam que a redução da área de milho naquele país é um dos fatores que podem levar ao aumento de exportações previstas para os norte-americanos, no entanto, reforçam que o fator determinante para a competitividade será ficar de olho nos preços da gasolina no mercado interno americano.
O etanol acompanha a cotação da gasolina naquele mercado, se a gasolina sobe, o etanol acompanha, pois são produtos substitutos. Segundo Biegai, da Safras, será vantajoso exportar quando o galão nos Estados Unidos estiver cotado a US$ 3, por exemplo. Com o galão cotado a esse nível, o exportador conseguirá vender o álcool anidro entre US$ 0,53/litro a 0,55/litro (FOB no porto, na safra). Não vale a pena exportar se o etanol chegar aos níveis dos US$ 2/galão. Nesse caso, o preço FOB no porto seria de US$ 0,30/litro. "A esse valor, não pagaria o custo", avalia Biegai.
Ontem, o galão do etanol foi cotado em Chicago a US$ 2,50. Segundo Biegai, a esse nível de preços, a exportação já começa a ser rentável e o produtor conseguiria US$ 0,43/litro pelo anidro, no porto. O Brasil exportou 886,6 mil metros cúbicos
Mudança de cenário
Apesar da importância em ficar de olho nos preços da gasolina também, Rodrigues, da Bioagência, afirma que esse cenário começa a mudar.
Apesar de haver correlação entre os preços hoje, e a gasolina costuma sempre estar mais cara, houve mudanças na legislação de combustíveis renováveis daquele país recentemente, o que leva a um aumento forte de demanda por álcool.
Alguns estados oferecem incentivos fiscais à mistura de álcool na gasolina, por exemplo. "Já aconteceu de o etanol estar custando mais caro que a gasolina em alguns estados no mercado americano, em passado recente", conta Rodrigues.
Nos Estados Unidos, a mistura do álcool ao combustível tem diferenças entre cada estado. No ano passado, os americanos importaram 51,7% menos do Brasil por conta de preços. O volume embarcado foi de 886,6 milhões de litros em 2007, segundo a Hencorp Commcor.

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