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Regras claras para o mercado futuro de arroz

Desde os anos 90, o segmento arrozeiro passou por diversas tentativas em implantar um mercado futuro


Desde os anos 90, o segmento arrozeiro passou por diversas tentativas em implantar um mercado futuro. Primeiramente, foi avaliada a hipótese do lançamento de um mercado a termo, para após ser sucedido pelo mercado futuro em sua forma plena. Participamos pessoalmente de todas essas iniciativas, envolvendo as bolsas, as indústrias, as cooperativas e os produtores.

Os contratos foram desenhados, simulados e discutidos. Mas nunca se conseguiu obter sucesso nessas tentativas. Evidentemente que a falta de êxito nas tentativas anteriores não anula o fato de se buscar um mercado futuro para o arroz. Mas as dificuldades serão enormes, por diversos fatores. Um mercado futuro clássico envolve transparência nas relações de mercado, estatísticas confiáveis e seguras de área de cultivo, produção, consumo e, principalmente, estoques de passagem, determinação dos agentes de mercado em participar ativamente das negociações, reserva de caixa para os ajustes diários na bolsa, conhecimento prévio das ações de intervenção no mercado através dos instrumentos como Opções, AGF, EGF, PEP, Pepro e, posteriormente, da forma como os estoques adquiridos na safra (para sustentação dos preços aos produtores) serão devolvidos ao mercado.

Envolve ainda a taxa cambial e as paridades de importação e exportação e o acordo com TEC zero no Mercosul. Não admite pirotecnias como taxação CDO sobre as importações em um único Estado produtor, como é o caso do Rio Grande do Sul. No mercado futuro, as regras precisam ser muito claras e as negociações devem ocorrer em ambiente transparente. O consumo real de arroz no Brasil é desconhecido. A área real de cultivo ainda não foi devidamente mapeada. A produtividade está crescendo e isso não está sendo medido corretamente. A produção pode ser maior do que a que tem sido estimada pelo governo. A estimativa de safra é de responsabilidade de dois órgãos públicos – IBGE e CONAB – ao contrário dos EUA, onde apenas o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga os levantamentos com freqüência conhecida, pré-datada e razoavelmente confiável, além de emitir relatórios semanais de exportação e importação, relatórios mensais de safra e de oferta e demanda e relatórios trimestrais de estoques.

Aparentemente, parece distante um mercado futuro para o arroz no Brasil, antes de equacionarmos todas as dúvidas e ajustes de dados e estatísticas necessárias para confiabilidade mínima para os traders e operadores. Isso não impede o estudo e desenvolvimento deste mercado futuro. A título de exemplo, já fracassaram, recentemente, os projetos de mercado futuro de álcool e milho, com volumes mais expressivos e com referências internacionais de suporte aos negócios futuros, por falta de liquidez.

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