Relatório diz que Brasil tem que combater tráfico de animais
Espécies silvestres, nativas da fauna brasileira, são os maiores alvos, qualificado como um ‘circulo vicioso’
Tartarugas da Amazônia, peixes ornamentais, pássaros, carne de animais como capivara, paca, anta, veado e queixada e até a imponente onça-pintada. Todos esses animais são citados no relatório da ONG Traffic, que aponta que o Brasil precisa evoluir em medidas para combater o tráfico de animais silvestres.
O documento faz críticas ao sistema ambiental e econômico brasileiros no que tange ao controle das espécies nativas. “Especialistas em vida selvagem são unânimes em afirmar que a captura descontrolada de animais e plantas para o tráfico tem sérias consequências na biodiversidade do Brasil, na economia nacional, no Estado de Direito e na boa governança. No entanto, os dados existentes raramente são consolidados e, portanto, incapazes de confirmar ou contestar essa percepção”, relata o documento.
A prática chamada de “circulo vicioso” diz que há falta de fiscalização, falta de compartilhamento de dados entre os estados e má gestão de dados, que traz impactos graves. O relatório aponta alguns exemplos:
- No Brasil e nos países vizinhos, tartarugas e ovos de tartarugas são colhidos ilegalmente e comercializados para serem utilizados como medicina tradicional, para o comércio de animais de estimação, como itens decorativos (conchas) e para consumo como alimento;
- Entre 2012–2019, mais de 30 espécies de peixes ornamentais foram traficadas para atender à demanda regional e internacional de aquários domésticos. A Arapaima, uma das maiores espécies de peixes de água doce do mundo é alvo de 80% dos casos;
- Nos estados da Amazônia, a carne selvagem ilegal é comum nos mercados regionais e é vendida nacionalmente e através das fronteiras locais, especialmente na tríplice fronteira do Brasil, Peru e Colômbia. Espécies como capivara, paca, anta, veado, queixada e outras são amplamente roubadas e vendidas.
- A bacia amazônica fornece o maior bloco contíguo de habitat remanescente de onça-pintada. Nos últimos anos, a onça-pintada caçando suas partes (presas, caveiras, ossos, peles, patas, carne) vem crescendo, aparentemente impulsionada pela demanda do mercado na Ásia;
- Aproximadamente 400 espécies de aves (uma em cada cinco espécies nativas) são impactadas pelo comércio ilegal de aves no Brasil. As principais são canoros e papagaios.
O Brasil abriga 60% do bioma Amazônia e possui o maior tesouro de biodiversidade do planeta, com mais de 13% da vida animal e vegetal do mundo. O estudo ainda aponta sugestões que incluem o desenvolvimento de uma estratégia nacional para combater o tráfico de animais selvagens, aprimorando a coleta e o compartilhamento de dados, fortalecendo a legislação atual sobre crimes ambientais e investindo em infraestrutura e tecnologia para lidar e identificar apreensões de animais selvagens.
O documento na íntegra pode ser conferido neste link.