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Resíduos agrícolas viram reagentes contra o câncer

“O que fazemos é uma nova metodologia para quebrar essas ligações carbono-carbono"


Foto: Pixabay

Cientistas da Universidade de Córdoba, na Espanha, alcançaram o duplo propósito de converter um recurso quase não utilizado, como o restolho de lavouras agrícolas, em um insumo de alto valor e de enorme relevância para a indústria farmoquímica. Sob o conceito de biorrefinaria, o grupo de pesquisa FQM-383 da Universidade de Córdoba transformou com sucesso a lignina em um reagente utilizado em processos de síntese de medicamentos para o tratamento do câncer, a 2,6-Dimetoxiquinona. 

O trabalho contou com a colaboração do grupo de pesquisa do Professor Joseph Samec da Universidade de Estocolmo. A lignina é uma substância natural que faz parte da parede celular de muitas células vegetais e lhes confere robustez e resistência. 30% da biomassa vegetal é composta por lignina. 

“É uma mistura complexa de polímeros, moléculas grandes e de alto peso molecular, ligados por ligações carbono-carbono e carbono-oxigênio”, explica a pesquisadora principal María Dolores Márquez Medina. Os primeiros, mais abundantes, requerem condições críticas de reação para quebrá-los, como altas temperaturas ou o uso de nitrogênio, que é altamente perigoso. Atualmente, a lignina é usada quebrando as ligações carbono-oxigênio nessas moléculas, que são a minoria, e apenas 36% da lignina pode ser usada. 

“O que fazemos é uma nova metodologia para quebrar essas ligações carbono-carbono, por meio de uma quebra oxidativa e conseguir obter moléculas menores, no nosso caso, as benzoquinonas, compostos que podem ser usados como matéria-prima em diversas indústrias”, explica Márquez Medina. “No artigo foram tratados os 64% restantes, aumentando o valor da lignina em 18%”, acrescenta. 

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