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Resíduos da produção são opções para alimentação dos animais

Animais recebem complemento na alimentação devido a seca das pastagens


Com a manutenção da estiagem, os produtores de leite incrementam com resíduos a alimentação dos animais para manutenção da produtividade
 
Após a união de nove municípios da região de Carazinho, Coqueiros do Sul, Santo Antonio do Planalto, Almirante Tamandaré do Sul, Colorado, Não-Me-Toque, Saldanha Marinho, Chapada e Victor Graeff, com a elaboração de documento emergencial contra a seca, os produtores rurais aguardam as ações estaduais para estagnar os prejuízos que começar a surgir com a assolada estiagem. Com o decreto estadual de emergência coletiva, assinando pelo vice-governador, Beto Grill (PSB), os municípios ganham reforço para agilizar o processo de renegociação das dívidas dos agricultores que perderam suas lavouras com os bancos e também a liberação de verbas federais.

A escassez de água e a qualidade ruim do milho têm dificultado também a alimentação do gado leiteiro. O pasto, utilizado como alimento para o gado de leite, está escasso. “As pastagens estão secando, diminuindo assim o alimento, e por fim, a produção de leite", explica o técnico responsável pelo Escritório Municipal da Emater/RS – Ascar, Dauri Varaschin.
 
Como ainda não existe previsão de chuvas significativas até a segunda quinzena de janeiro, os produtores de leite começam a utilizar complementos nutricionais para diminuir a quebra na captação de leite diária. "A ração, geralmente utilizada como complemento à alimentação, pode substituir o pasto, mas o preço da produção começa a subir” explica o produtor rural, Valdir Ahlert, acrescentando que não sabe até quando os estoques irão durar. Para driblar as dificuldades, a alternativa adotada é a utilização de silagem, feno e rações, o que aumenta custo e reduz a rentabilidade aos produtores. “Nossa última salvação está sendo dar resíduos de milho, trigo e aveia para os animais, mas confesso que não sei o que vou fazer daqui pra frente se não chover” desabafa o agricultor Lothario Gergen.

Com stress hídrico, as pastagens começam a cessar e a região do Alto Jacuí soma mais de 40% de perda na captação diária. Em relação à produção leiteira, dos nove municípios citados a cima, a perda gira em tono dos R$ 90.049,00, com uma produção diária de 132.425 litros/dia. Em Não-Me-Toque, a qualidade do milho está refletindo negativamente na cadeia leiteira, já que os animais estão se alimentando com grão de menor qualidade. “Já passamos de mais de 30% de quebra, pois a silagem de milho é de péssima qualidade, o produtor tem que incrementar com ração”, explica o secretário da agricultura, Johannes Van Riel. “Após os R$ 2 bilhões de perda causada nas lavouras de milho, soja e feijão, a preocupação é em relação à bacia leiteira, pois se demorar mais para chover os números do prejuízo aumentará”, afirma o prefeito de Lagoa dos Três Cantos, Ernor Weber.
Com precipitações de forma isolada e insuficientes para minimizar os efeitos da estiagem nas pastagens da região, o preço do leite pode chegar a R$ 2 nas prateleiras dos supermercados, segundo o Sindicato da Indústria Leiteira (Sindilat) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag).

Segundo a Emater, o município de Carazinho possui uma média diária de 15 mil litros de leite, e com três meses de estiagem, a perda chega a seis mil litros por dia, com perdas ao produtor de R$ 378mil. Com isso, consequentemente o comércio regional acaba sentido os reflexos desta atual situação.

A gravidade desta seca deve-se muito a antecipação da falta de chuva. Os produtores da região comentam que os períodos com menor índice de chuvas ocorriam nos meses de fevereiro e março. “Para mim é novidade uma estiagem tão longa assim começando tão cedo, e com informações de futuras dificuldades. Posso afirmar que da época que eu conheço, desde 1965 com lavoura, essa é uma das piores”, comenta Valdir Ahlert. A situação começa a se tornar crítica, devido à utilização dos estoques de alimentação animal do inverno estar sendo utilizados. “Temo chegar o momento que não encontrarmos outra saída alimentar o gado” comenta Gergen. “Resta-nos erguer os olhos e mãos pro céu, e pedir chuva aos deuses, pois só estamos esperando vir alguma coisa de cima”, argumenta o agricultor completando que já estão diminuindo a utilização dos recursos hídricos.

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