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Restrição ao plantio de cana em Rio Verde (GO) pode aumentar

A cultura teve sua área limitada em 50 mil hectares


A polêmica provocada pela lei municipal 5200/2006, que restringe a área plantada de cana-de-açúcar no município de Rio Verde (GO), parece estar apenas no início. A medida precipitou a discussão do assunto pela sociedade e revelou a existência de fortes interesses contrários e a favor da rápida e expressiva expansão do setor sucroalcooleiro no Estado.

O número de usinas de produção de álcool e açúcar em Goiás passou de 12, em 2000, para 16, em 2006, enquanto a área ocupada pelo cultivo da cana saltou de 139,18 mil hectares para 299,37 mil hectares no mesmo período, um crescimento de aproximadamente 115% em seis anos. Até o fim de 2008, outros 12 complexos industriais deverão entrar em operação, totalizando, assim, 28 unidades.

E se o Estado de Goiás tem aproximadamente 5 milhões de hectares de pastagens degradadas, suficientes para décadas de expansão das áreas ocupadas pela principais culturas, os 500 mil hectares de um município grande produtor de grãos, como Rio Verde, são considerados poucos para dividir espaço com a cana. A cultura teve sua área limitada em 50 mil hectares, toda ela já ocupada ou reservada para as usinas existentes no município e para os primeiros grupos de produtores que solicitaram registro da reserva.

A lei, recebida como intervenção do poder público municipal na propriedade privada por produtores e dirigentes, deflagrou um debate que promete se estender por bom tempo, com muitos desdobramentos. O governo do Estado, por meio das Secretarias da Fazenda e da Indústria e Comércio, não tardou em tranqüilizar representantes da indústria Perdigão, instalada em Rio Verde, que prometeu rever seus planos de expansão e até mesmo se mudar de Rio Verde caso não haja matéria-prima suficiente para a demanda industrial, conforme publicado no Popular no dia 22 de novembro.

Jataí

A preocupação com o vigoroso crescimento do setor sucroalcooleiro também movimenta as lideranças políticas e ruralistas de Jataí, município vizinho de Rio Verde que possui aproximadamente 400 mil hectares de áreas agricultáveis e ostenta o título de maior produtor de milho do Brasil e de grãos do Estado de Goiás. O prefeito do município, Fernando Henrique Peres, informa que dois grupos do setor sucroalcooleiro já se mostram decididos a investir em Jataí. “Devemos estabelecer um limite para o cultivo da cana, mas acho pouco 10%, penso que deve ser 15% ou 20% da área agricultável.”

Segundo Fernando Henrique Peres, já havia sido definido no Plano Diretor do município um limite para o estabelecimento de usinas, mas não foi estipulado o tamanho da área de cultivo da cana. “A lei criada em Rio Verde é interessante, mas não digo que vamos copiá-la, embora talvez sirva como base para fazermos uma legislação própria.”

Segundo o prefeito, será realizada uma reunião entre representantes do governo municipal, do Sindicato Rural e da Associação Comercial e Industrial para a discussão dos pontos positivos e negativos da medida adotada pelo prefeito Paulo Roberto Cunha. “A Perdigão está muito presente no nosso município e tem receio de ser prejudicada, pois precisa de muita soja e milho. ”

O Popular solicitou à empresa Perdigão um posicionamento sobre a questão, mas foi informado pela assessoria de imprensa da Indústria que o responsável pela área de planejamento, que responde sobre o tema, encontra-se fora do País, atendendo a compromissos profissionais.

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