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Resultado do agronegócio foi melhor que o esperado

Estimativas pessimistas para o setor feitas no início do ano não se concretizaram


Estimativas pessimistas para o setor feitas no início do ano não se concretizaram. O ano de 2006 está sendo melhor do que o agronegócio esperava. Tanto os resultados das exportações do setor quanto as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) são superiores às estimadas no início do ano. A queda para a renda do setor está projetada em apenas em 0,5% ante os 1,2% calculados nos primeiros meses. Ao mesmo tempo, o agronegócio deve acumular superávit comercial de US$ 41,5 bilhões para os R$ 37 bilhões (menor que o de 2005) esperados inicialmente. Houve uma reversão de cenário ao longo de 2006, mostrando que a crise do setor está se arrefecendo. Apesar disso, pelo segundo ano consecutivo a renda do agronegócio registra queda.

"A crise no fluxo está sendo superada, mas o estoque de dívidas ainda é muito alto", avalia André Pessôa, da Agroconsult. Segundo ele, a melhoria nos preços no mercado interno e externo se refletiu tanto no PIB quanto no resultado das exportações do agronegócio. Segundo dados divulgados ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio deve somar este ano R$ 534,8 bilhões, queda de 0,50% em relação à 2005.

De acordo com as estimativas, o pior desempenho será no PIB do agronegócio da pecuária, com redução de 4,8%, enquanto a agricultura terá elevação de 1,2%. Os problemas sanitários no Brasil (febre aftosa) e no mundo (gripe aviária) afetaram as exportações e a produção de carnes no País, influenciando o PIB da pecuária. "Havia uma dose elevada de pessimismo cabível no início do ano porque o setor tinha de fazer reivindicações que não seriam atendidas se o cenário fosse diferente", avalia Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria.

Segundo ela, um dos fatores determinantes para a mudança de cenário foi não haver um descompasso entre o câmbio do plantio e o da colheita. Além disso, os preços tanto interna quanto externamente foram melhores. De acordo com a economista, até agosto apenas a cana-de-açúcar tinha cotações em alta, tendência que mudou para os demais produtos a partir do segundo semestre. "Os resultados deste ano são praticamente estáveis, mas não podemos esquecer que em 2005 o PIB registrou uma queda significativa", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores. Em 2005, a renda foi 4,6% menor, somando R$ 537,6 bilhões.

O bom desempenho do comércio exterior é parte determinante da melhoria da renda. As estimativas da CNA são de uma receita cambial de US$ 48 bilhões. Com esse resultado, o agronegócio deve acumular um superávit comercial de US$ 41,5 bilhões, 9,2% maior que o registrado no ano passado. Em janeiro, diante da desvalorização do câmbio, dos preços internacionais mais baixos e da crise provocada por problemas sanitários, a instituição previa um superávit inferior ao de 2005, somando US$ 37 bilhões. As novas projeções indicam que o agronegócio vai responder por 36% do comércio exterior brasileiro. Parte da mudança no cenário externo é resultado do boom das remessas do setor sucroalcooleiro. Enquanto o álcool teve volumes duplicados e receitas triplicadas no ano; o açúcar acumulou crescimento maior no volume que na receita.

Para 2007, as perspectivas do setor são de que a renda volte a crescer, assim como as exportações sigam em alta. Segundo Pessôa, os preços agrícolas tendem a se manter em ascensão, diferente da pecuária, que pode ser afetada por uma nova crise sanitária.

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