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Retenção de umidade no solo faz a diferença

Solo mais nutritivo e coberto com palha ameniza consumo de água na evaporação



Os veranicos e o calor limitaram o desempenho de fazendas líderes em produtividade nesta temporada. Nos 2,8 mil hectares cultivados no verão pela Fazenda Mutuca (Arapoti, Norte Pioneiro do Paraná), algumas áreas deram menos da metade do pico de 6,2 mil quilos por hectare alcançado na safra 2011/12.

Os piores lotes renderam 2,6 mil quilos por hectare. Já os melhores talhões alcançaram 5 mil quilos/ha apesar do clima menos favorável desta temporada. Mais que a quebra climática, essa variação desperta a atenção dos produtores, conta o proprietário Ely de Azambuja Germano Neto. Segundo ele, o solo, o manejo e as tecnologias usadas fizeram diferença.

Áreas menos preparadas tiveram 50 dias secos entre dezembro e fevereiro e perderam o equivalente a 250 milímetros de chuva (5 por dia). “É preciso criar condições para que a lavoura guarde esse volume de umidade para uma adversidade”, aponta. E criar essas condições significa construir um solo com espessura fértil maior e cobertura de palha espessa, explica.

A fazenda recebeu 400 produtores do Brasil e do exterior na última semana para discussões técnicas. Uma trincheira foi aberta para mostrar uma área em que as raízes do milho se aprofundaram por mais de um metro em busca de fósforo, potássio, nitrogênio, zinco, ferro e outros nutrientes.

A palhada ajuda a reduzir a temperatura do solo, acrescenta Ely de Azambuja. No final das contas, a produtividade média de suas lavouras de soja, que atingiram 4,2 mil quilos por hectare no ano passado, caiu perto de 200 quilos (3,5 sacas). No milho, o recuo chega a 1,2 mil quilos/ha (20 sacas), para perto de 11 mil kg/ha em média.

Pesquisa busca plantas com blindagem

O mercado das commodities agrícolas expressa demanda global por soja e milho em crescimento contínuo e a pesquisa, por sua vez, promete menor oscilação na produtividade. A Fórum Brasil Agro, realizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo na ExpoLondrina, apontou uma conexão direta dos laboratórios com as expectativas relacionadas à produção e ao consumo. Esse cenário aponta para uma expansão da agricultura nas próximas décadas, mesmo que em ritmo menor que o atual.

A demanda por proteína dificilmente irá recuar e o crescimento econômico dos países asiáticos vai aumentar o interesse pela soja produzida nos Estados Unidos e no Brasil, disse o analista Etore Baroni, da consultoria FCStone. Mesmo com problemas climáticos, o Brasil amplia sua produção de soja nesta temporada e dá um passo importante ao oferecer um volume maior de grãos no mercado internacional, avaliou Giovani Ferreira, do Agronegócio Gazeta do Povo.

As soluções químicas que defendem as plantas de doenças e pragas e a própria seleção de sementes resistentes ao estresse hídrico determinam cada vez mais os avanços em produtividade, apontou Karol Czelusniak, agrônomo da Bayer. O Brasil precisa se antecipar na avaliação e no registro das novas tecnologias, defendeu Alexandre Nepumuceno, pesquisador da Embrapa. Em sua avaliação, o risco é de entraves burocráticos e embates ideológicos atrasarem a aplicação de alternativas sustentáveis e mais competitivas.
 

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