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Retomada da produção de etanol depende de sinalização do Governo

Presidente Interino da UNICA demonstra a importância do etanol para o mercado de combustíveis no Brasil


Presidente Interino da UNICA, Antonio de Padua, demonstra a importância do etanol para o mercado de combustíveis no Brasil

A insegurança sobre o papel do etanol na matriz energética nacional será inteiramente superada somente quando o Governo definir políticas públicas claras, que assegurem competitividade no mercado nacional de combustíveis. A ideia, frequentemente defendida por lideranças do setor sucroenergético brasileiro, foi reforçada na quinta-feira (28/06) em Londres, na Inglaterra, pelo diretor técnico e presidente interino da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, durante o Sugar & Ethanol Summit, Brazil Day 2012, evento realizado pelo Ministério das relações Exteriores (MRE) em parceria com a consultoria Datagro.

“Existe um déficit de seis bilhões de litros na oferta de combustíveis no Brasil, problema causado pela baixa produção de cana e pouca competitividade do etanol nas bombas. Por isso, em algum momento, o Governo terá de sinalizar políticas que atraiam investimentos para o setor,” alertou Rodrigues em sua apresentação. O evento, que reuniu representantes da indústria de biocombustíveis e do mercado financeiro, foi patrocinado pela UNICA, Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Fórum Nacional Sucroenergético e o Rabobank.

Entre as medidas citadas durante o encontro e que poderiam ser adotadas estão a revisão da carga tributária que incide sobre o etanol e a unificação, em todo o País, da alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrada sobre o etanol. Segundo a UNICA, estas são ações fundamentais para que a indústria sucroenergética consiga acompanhar a crescente demanda por combustíveis no Brasil e no mundo. Para isso, será preciso dobrar a produção de cana até 2020, elevando a moagem para além de 1,2 bilhão de toneladas por ano.

Além da questão tributária, outro fator que influenciou fortemente a queda de competitividade do etanol nos últimos três anos foram as péssimas condições climáticas, o que acabou elevando os custos de produção. A situação foi alvo de amplo debate, com participação de Luiz Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, a maior comercializadora dos produtos derivados da cana no Brasil. O executivo, que também integra o Conselho Deliberativo da UNICA, embora otimista, acredita que a queda dos custos será um processo gradativo e deverá acontecer nos próximos três anos.

Europa mais sustentável

Como o etanol de cana, alicerce do maior e mais bem sucedido programa de substituição de combustíveis fósseis do mundo, pode ajudar a Europa a se tornar mais sustentável? Durante o Sugar & Ethanol Summit, a assessora sênior da presidência da UNICA para Assuntos Internacionais, Geraldine Kutas, aproveitou para mostrar que a experiência brasileira seria um grande diferencial para ajudar a União Europeia (UE) a atingir as metas estabelecidas pela Diretiva Européia sobre Energias Renováveis (RED, na siga em inglês), cujo pacote de medidas estabelece redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs), especialmente no setor de transporte, com o uso de 10% de fontes alternativas até 2020.

Kutas apontou os entraves para a maior presença do etanol brasileiro na UE, enfatizando que a atual política do continente não recompensa os melhores biocombustiveis do ponto de vista ambiental. “Hoje, a UE importa etanol dos Estados Unidos (EUA), cujo combustível proporciona uma redução de até 38% de GEEs se comparado à gasolina, em vez de comprar etanol do Brasil, que pode reduzir as emissões em até 90%," ressaltou.

Segundo a representante da UNICA, a vantagem do produto brasileiro está nas condições sustentáveis em que ele é fabricado, fato atestado por certificações como a Bonsucro, desenvolvida por um fórum global de diálogo reunindo produtores, traders, redes varejistas, ONGs e investidores. O Bonsucro estabelece princípios e critérios socioambientais rígidos para o cultivo da cana em todo o mundo e é uma das certificações aceitas pela UE para a importação de derivados da cana.

O Sugar & Ethanol Summit, Brazil Day 2012 teve ainda a participação do embaixador Marcos Pinta Gama, representante Permanente do Brasil junto aos Organismos Internacionais sediados em Londres, e de diversos executivos do setor sucroenergético brasileiro, como o coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético e presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Luiz Custódio Cotta Martins; o presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Álcool e Açúcar de Goiás (Sifaeg), André Rocha; e José Gustavo Teixeira Leite, diretor Executivo do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). O evento foi apoiado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla), a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) e o International Sugar Organization (ISO).

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