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Revista Science faz elogios ao programa brasileiro do etanol

A revista considerou um caso de sucesso a ser observado, e replicado, por outros países


O programa brasileiro do uso de etanol como combustível foi considerado pela revista científica "Science" (www.sciencemag.org) da edição do último dia 9 como um caso de sucesso a ser observado, e replicado, por outros países, quando o assunto é energia sustentável.

A revista traz um pacote de artigos com sugestões para resolver o problema de falta de energia no futuro. O assunto mereceu destaque da publicação uma semana depois que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório que mostra que é urgente a necessidade de reduzir as emissões de CO2 – resultado da queima de combustíveis fósseis e responsável pelo aquecimento global.

A publicação aposta na eficácia do etanol obtido da cana-de-açúcar como alternativa para substituir o petróleo. Para explicar a experiência brasileira, foi convidado o ex-secretário de Ambiente de São Paulo, José Goldemberg. Pesquisador da Universidade de São Paulo, ele defende que a energia do futuro está nos canaviais.

"Novas fontes de energia renovável estão sendo desenvolvidas. Mas desde 1980 estamos lidando com o etanol. Os problemas que tínhamos – como falta de suprimento, pouca eficiência, ou o carro não pegar em dias frios – já foram resolvidos", disse à reportagem. Claro que muita gente se lembra do sufoco passado no fim dos anos 80, quando os produtores boicotaram a produção e faltou álcool. "A população perdeu a confiança, mas hoje, com os carros flexfuel, deixamos de ser reféns".

Atualmente, o álcool substitui 40% da gasolina no Brasil. Mas, mesmo com o fantasma da falta de suprimento, Goldemberg defende que o País tem condições de substituir totalmente a gasolina. Para isso, seria necessário triplicar o cultivo da cana, que hoje ocorre em 2,5 milhões de hectares. "Garantiríamos assim os estoques reguladores".

Isso sem desmatar mais floresta nativa? Goldemberg defende que sim. "Só em São Paulo temos 10 milhões de hectares de pastagem. Esse espaço pode ser remanejado." Ele defende que o modelo seja replicado em outros países, como Índia, Colômbia e África do Sul. "Para suprir o mundo com 10% de álcool seriam necessários 25 milhões de hectares de plantação".

Para Goldemberg, a principal vantagem do álcool brasileiro, em comparação com o de milho (produzido nos Estados Unidos) e o de beterraba (na Europa), é que as plantações de cana em seis meses equilibram o que é emitido de CO² pela queima do etanol.

Além disso, explica, há um ganho energético (energia produzida dividida pela energia gasta para produzir) de cerca de 700% com a cana, ante 10% do milho e da beterraba.

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