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Rio Grande do Sul busca nova matriz econômica

RS investe em novas culturas e passa a agregar valores a produtos tradicionais


O Rio Grande do Sul, que foi o celeiro do País nos anos 80, não quer mais competir com o Centro-Oeste, região que detém mais de 30% da produção nacional de grãos. Os gaúchos estão investindo em outras culturas, diversificando a produção e, deste modo, criando uma nova matriz econômica para o estado. Com isso, os produtores pretendem fugir dos problemas climáticos que, em 2005, provocaram perdas de mais da metade da colheita de soja e de milho.

Regiões que outrora eram tradicionais com uma cultura, passam a receber investimentos em outras. É o caso do Norte, onde predominavam as lavouras de grãos, que vão ter a bacia leiteira como nova atividade principal. No Sul, a troca é da pecuária e do arroz por florestas e frutas.

"As commodities não sustentam nossa capacidade de produção baixa", afirma Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Enquanto no Centro-Oeste a produtividade média da soja é de 40 sacas por hectare, no Rio Grande do sul são 30 sacas por hectare. Por isso, no Norte do estado, onde a predominância é de grãos, no período de 2005/07 estão sendo investidos R$ 300 milhões para a instalação ou ampliação de 10 laticínios, que dobrarão a capacidade industrial estadual em dois anos. Além disso, os produtores locais estão plantando também cevada, no inverno, e apostando no biodiesel.

"Queremos produzir aquilo que não concorra com o Centro-Oeste", diz Sperotto. Segundo ele, além dos incentivos fiscais para a instalação de novas agroindústrias, os produtores passaram a mudar seus perfis para diversificar a produção e agregar valor. "Como diz o velho ditado: não se pode ter todos os ovos em uma só cesta".

O maior vulto dos investimentos é no plantio de florestas para a fabricação de celulose. As empresas que se instalaram no estado aplicaram nos últimos dois anos quase R$ 10 bilhões no setor, sobretudo na Metade Sul. A região também tem recebido investimentos em frutificultura, diversificando as frutas cultivas, e na produção de uvas para vinho.

Mesmo atividades tradicionais em suas regiões, como o caso da pecuária no Sul, há mudanças. Sperotto diz que os produtores passaram a qualificar o rebanho, investindo nas raças angus e hereford ou no cruzamento delas e assim, ofertando "o novilho que a indústria quer". Segundo ele, com isso, garante-se a uniformidade na oferta.

"Temos de ser boutique, não somos mais celeiro", afirma Sperotto. Por isso, o estado tem investido também na chamada certificação de origem. Primeiro os vinhos de uma localidade da Serra Gaúcha foram certificados como produzidos no Vale do Vinhedo. Agora o gado criado próximo à Bagé recebeu a denominação de Carne do Pampa. No futuro serão os doces de Pelotas. De acordo com ele, as certificações permitem aumentar o valor dos produtos.

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