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Rio Grande do Sul deve registrar perda de R$ 20 bilhões com estiagem

O Estado vai deixar de gerar este ano cerca de R$ 20 bilhões em riquezas em função dos efeitos da estiagem


O Rio Grande do Sul vai deixar de gerar este ano cerca de R$ 20 bilhões em riquezas em função dos efeitos da estiagem. O valor, calculado ontem (14-03) pela Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), considera os prejuízos provocados no agronegócio e o impacto que o setor tem sobre todos os outros segmentos da economia gaúcha.

Segundo Antonio Sartori, vice-presidente da Federasul e diretor da Brasoja, a quebra na lavoura atinge 6,5 milhões de toneladas na safra de soja, 3 milhões de toneladas na produção de milho e 1,5 milhão de toneladas nas plantações de arroz. Pelas atuais cotações das commodities, a perda financeira atinge US$ 1,9 bilhão. Levando em conta que para cada R$ 1,00 resultante da agricultura, outros R$ 3,00 são gerados, o prejuízo alcança mais de R$ 20 bilhões. O efeito negativo será sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, conclui Sartori.

O governo federal ainda trabalha com números mais conservadores. Segundo levantamento divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, os efeitos da seca no Sul do País e em estados como São Paulo, Bahia e Goiás na safra brasileira de grãos tendem a somar R$ 6 bilhões. Fontes do governo já não descartam uma queda da produção nacional - muito voltada à exportação - que começou a ser colhida no início deste ano, em relação à safra anterior, que teve 119,1 milhões de toneladas. As culturas mais afetadas são milho, soja e feijão.

Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) partiram ontem para as regiões produtoras, com o objetivo de fazer levantamento mais preciso da situação. Até a semana passada, quando a Conab tornou público seu último levantamento, o País deixaria de colher cerca de 8,5 milhões de toneladas, por causa da estiagem no Sul.

A diretoria da Federasul esteve reunida ontem, em Passo Fundo, antes da audiência pública realizada conjuntamente entre as comissões de Agricultura do Senado, da Câmara Federal e da Assembléia Legislativa gaúcha. O debate, na Universidade de Passo Fundo (UPF), reuniu parlamentares, prefeitos, senadores, produtores e representantes de entidades ligadas ao agronegócio.

A mobilização serviu para reafirmar a necessidade de medidas urgentes que auxiliem os produtores atingidos pela seca. Um documento elaborado na audiência será entregue ao governador Germano Rigotto e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ontem à tarde, já em Porto Alegre, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, disse estar assustado com os relatos ouvidos em Passo Fundo. “Há situações de descontrole familiar e desespero entre os produtores”, salienta. Além da Farsul e da Federasul, estão engajadas pela busca de recursos para o Estado as federações da Indústria (Fiergs), do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio) e das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL).

Sperotto lembra que o apoio do governo é fundamental para evitar o retorno da inadimplência entre os produtores, calculada em 29% há 11 anos. “Atualmente, os índices no Rio Grande do Sul indicam apenas 0,11% de inadimplência no setor”, aponta. Ele observa que além de prejudicar a atividade primária, a estiagem tem efeito dominó de desorganização sobre toda a economia. “Quando o campo vai bem, tudo fica bem”, acrescenta o presidente da Fiergs, Renan Proença.

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