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Rodovias estaduais demandam R$ 266 milhões de investimento em MT

Setor produtivo aponta volume de recursos para manutenção e conservação de MTs


Setor produtivo aponta volume de recursos para manutenção e conservação de MTs
 
Mato Grosso conta uma malha viária estadual de 25 mil quilômetros, mas deste universo somente 5,4 mil quilômetros estão pavimentados. Condição que nos últimos anos tem influenciado diretamente os custos de produção e exigido investimentos maiores na hora de retirar a produção de grãos do campo e levá-la para os portos. A explicação sobre a dependência do setor para com as estradas administradas pelo Estado vem de Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja).

"As rotas estaduais são os fluxos que escoam para as grandes rotas federais que dão vazão para a safra mato-grossense", frisa o dirigente. Pelas contas do setor, rodar com a produção de grãos em rodovias com boa trafegabilidade reduz em 15% o custo com o frete. Entidades do agronegócio cobram do Executivo melhores conservação e manutenção das estradas.

Elas se organizaram, elaboraram um estudo inédito e vão entregar para o Executivo estadual com intuito de auxiliar o governo no direcionamento de recursos para obras de melhorias nos trechos considerados mais importantes e por onde passam produtos como soja, milho, gado, madeira, insumos agrícolas.

Durante quatro meses foram analisados os fluxos de escoamento em 15.334 quilômetros de rodovia, pertencentes a 120 trechos. Destes, cerca de 5 mil quilômetros estão pavimentados e outros 10 mil quilômetros ainda não contam com o asfalto. O estudo elencou como prioridade 21 trechos para obras de conservação e manutenção. Mas a realização destes serviços nos locais prioritários vai exigir investimentos na ordem de R$ 82 milhões, identificou o Movimento Pró-Logística.

"Quanto pior a situação, maiores são os gastos, maiores as manutenções necessárias e riscos de acidentes", destaca Edeon Vaz Ferreira, coordenador-executivo do Pró Logística. Pelas rodovias prioritárias passam, anualmente, quase 950 mil cargas por ano. Já nos 120 trechos totais mapeados, o número cresce para 2,2 milhões. Este iria requerer investimentos de R$ 266 milhões para conservação e manutenção. Os números foram divulgados durante encontro do setor produtivo em Cuiabá (MT) na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato).

"Um dos problemas que temos é o deslocamento das propriedades rurais através das rodovias vicinais e estaduais até as federais", complementa Edeon Ferreira.

Segundo Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja, todos os números do estudo intitulado 'Corredores Estaduais do Agronegócio' foram elaborados a partir da base de dados do Governo do Estado.

À lista dos pontos que precisam de atenção especial estão, por exemplo, aqueles localizados nas MTs 130 (Primavera do Leste a Paranatinga), MT-235 (entre Diamantino em direção a Porto Velho-RO) e a MT-220 na região de Juara. Somente pela MT-130 passam por ano acima de 192 mil cargas, demonstrou o Movimento Pró-Logístico.
"Ter boas rodovias barateará o frete. Seja ele da fazenda até a cidade ou direto para as rotas de exportação. Precisamos ter uma saída de escoamento bem conservada", ponderou o presidente da Aprosoja.

Produtores rurais na região do Vale do Araguaia, Endrigo Dalcin e Gilmar Dell'Osbell falam em estradas como fator gargalo. Endrigo mora e produz em Nova Xavantina, a 651 quilômetros de Cuiabá.

"Hoje temos só uma ligação de asfalto que liga Água Boa a Barra do Garças. Demais estradas vicinais e estaduais de ligação com outros municípios são todas de terras com problemas de manutenção. A região é carente em manutenção de estradas", frisa o produtor rural.

"Precisamos correr atrás para sermos competitivos com nossos produtos lá fora", pondera Dalcin.

Já Gilmar Dell'Osbell, que produz em Querência, questiona a aplicação de recursos do Fundo de Transporte e Habitação para obras de infraestrutura nas estradas. O Fethab é cobrado no transporte de toda produção agrícola e pecuária e objetiva financiar o planejamento, execução e acompanhamento dos serviços nos setores de transporte e habitação do estado.

"Recolhemos o Fethab, mas parece que ele não retorna para estradas da região. Na época da chuva fica crítico e em alguns lugares até mesmo intransitável. Isso tudo encarece o frete para chegada do calcário, fertilizantes ou mesmo do escoamento da soja, na época da colheita", cita o produtor.

Somente em 2011 a soja contribuiu com R$ 123 milhões para o Fethab, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho. Já a arrecadação total atingiu R$ 568 milhões. A cobrança é é feita sobre o óleo diesel, soja, algodão, madeira e bovinos de corte em pé.

Saindo da fazenda

Segundo Dell'Osbell, que também preside o Sindicato Rural de Querência, produtores que plantam nas áreas mais afastadas da cidade pagam acima de R$ 2 com o frete para transportar a safra até os armazéns. Para quem está na zona de abrangência da área urbana o custo reduz para cerca de R$ 1 por saca.

"Quem está próximo das sedes dos municípios onde estão as sedes dos armazéns paga R$ 1 por saca de soja. Quem está mais longe, R$ 2,50 em função das estradas", comenta.

O governador Silval Barbosa deve receber, ainda na próxima semana, o estudo realizado pelo Movimento Pró-Logística com todas as conclusões acerca do mapa de investimentos para as rodovias estaduais.

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