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Rodrigues prevê revolução energética

Ex-ministro da Agricultura aposta no desenvolvimento da agronenergia no mercado mundial


Ex-ministro da Agricultura aposta no desenvolvimento da agronenergia no mercado mundial. As áreas de biomassa e bioenergia devem revolucionar o mundo como fontes energéticas. O Brasil deve ser um dos principais beneficiados por ter tecnologia disponível e com condições de liderar a área de agroenergia. "Vivemos o começo da civilização do petróleo. Vamos caminhar para outra etapa do mercado de energia’’, afirmou Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Rodrigues foi empossado nessa terça-feira (28-11) na coordenação do Centro de Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro), voltado para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.

Para tanto, o ex-ministro informa que um dos principais objetivos do órgão será de apoiar o desenvolvimento da agroenergia. Para tanto, o GV Agro, como foi denominado, criou um grupo de trabalho, a quem foi dada a tarefa de formar um centro de pesquisa em agroenergia, nos mesmos moldes do Instituto Tecnológico de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology-MIT na sigla em inglês) nos Estados Unidos. Esse novo centro de pesquisa poderá ser financiado pelo Banco Mundial (Bird).

"Temos planos de montar aqui uma espécie de um MIT totalmente voltado para a agroenergia’’, disse Rodrigues. O ex-ministro explicou que tem conversado com representantes do banco sobre o projeto. A idéia é criar um paradigma tecnológico, com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outros mecanismos. O grupo deve voltar a se reunir no dia 14 de dezembro para discutir o projeto.

O GV Agro deverá ser subdividido em quatro áreas de atuação. Uma delas é pesquisa, que tem por objetivo trabalhar de forma articulada com empresas, instituições e setor público. Buscará ainda agregar valor aos produtos agrícolas. Fora isso, realizará estudos para avançar nas negociações internacionais, entendo a cultura de vários países. Um outra área é comunicação, que informará o desempenho do setor e relatar diversas experiências. Foi lançada ontem a versão eletrônica da revista Agroanalyses, publicação da FGV, com objetivo de ampliar as informações sobre o agronegócio. O órgão terá ainda uma área de projetos e consultoria e de cursos e seminários, para a capacitação de profissionais.

A perspectiva, segundo informou Rodrigues, é dobrar a produção de etanol no Brasil nos próximos dez anos. Hoje, diz, o país tem 62 milhões de hectares cultivados, dos quais 6 milhões são de cana-de-açúcar: metade para álcool e outra metade para o açúcar. Só no mercado interno, a expectativa é de a demanda de etanol aumentar entre 10 bilhões e 12 bilhões de litros nos próximos dez anos, o que seriam necessário necessários 5 milhões de hectares de cana-de-açúcar a mais.

O Brasil tem 200 milhões de hectares para pastagem, dos quais 90 milhões são aptos à agricultura. Como a pecuária está aumentando a produtividade, as terras deverão ficar disponíveis para o agronegócio. Dos 90 milhões de hectares aptos, 22 milhões hectares podem ser cultivados com cana.

"Não existe nenhum continente inclusive com matéria-prima barata, como nosso. Temos condições de liderar isso, que parece um sonho", enfatiza Rodrigues. Para o atual ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, o Brasil tem condições de até triplicar a produção de etanol nos próximos anos. "Temos tecnologia e recursos naturais disponíveis", explica Guedes, que também participou da cerimônia, na sede da FGV, em São Paulo.

Para tanto, diz Gudes, não é necessário derrubar árvores para triplicar a produção de etanol no Brasil. Acrescenta que a agricultura brasileira conseguiu se desenvolver nos últimos anos pelo uso de tecnologia e não pela derrubada das árvores, "como critica a imprensa internacional".

Ao destacar um estudo que está sendo realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Guedes reiterou que em oito mil anos, o Brasil aumentou a área florestal, saindo de 9,8% para os atuais 28,5%, enquanto a área da Europa, cujo continente é parecido com o do Brasil, saiu de 7,3% para 0,1%, na mesma comparação. "Não podemos aceitar que aqueles (estrangeiros) que derrubam às arvores do planeta venham nos dar lição de moral", diz Guedes.

Entretanto, para alcançar o potencial do agronegócio brasileiro, o ex-ministro ressalta ser necessária a implantação de políticas públicas - como investimento em infra-estrutura para apoiar o setor privado - negociação internacional capaz de compreender adequadamente as cadeias produtivas e as diferentes culturas dos países parceiros.

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