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Roraima faz mais uma safra sem a ferrugem asiática

É o único estado do Brasil com plantio de soja, cujas lavouras não foram afetadas pela doença


O Estado de Roraima está colhendo mais uma safra sem a ferrugem asiática da soja. É o único Estado do Brasil com plantio de soja, cujas lavouras não foram afetadas pela doença que tem levado a grandes prejuízos com aumento no custo de produção pela aplicação de produtos e perdas de produtividade em todo o País.

Em monitoramento das doenças nas lavouras de soja no Estado, a Embrapa Roraima constatou a não ocorrência da ferrugem. ”Verificamos que os principais problemas foram tombamento de plântulas, mela (ou murcha da teia micélica) e doenças de final de ciclo, mas, apesar dessas ocorrências, o controle pelos produtores foi efetivo e não houve perdas de produção relacionadas a doenças”, informou a pesquisadora da Embrapa Roraima, Kátia Nechet, da área de fitopatologia (doenças de plantas).

A pesquisadora e o agrônomo José Mattioni realizaram o monitoramento das doenças de soja na safra 2006, em diferentes fases do cultivo, visitando 80% das lavouras, distribuídas em áreas de cerrado nos municípios roraimenses de Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí e Bonfim. “Confirmamos a ausência da ferrugem asiática em Roraima em mais uma safra”, afirmou a pesquisadora.

A ferrugem “asiática” é uma doença causado pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que veio da China, entrou no continente americano em 2001 pelo Paraguai e, desde então, vem se espalhando pela América do Sul e Estados Unidos.

O presidente da Grão Norte, a maior cooperativa de produtores de soja no Estado, Dirceu Vinhal, comemora a safra isenta da ferrugem asiática e afirma que esse fato é de fundamental importância econômica para os produtores e o Estado, por evitar os prejuízos que ocorreram em outras regiões.

Vinhal explica que além da ausência de ferrugem asiática, os sojicultores de Roraima têm algumas outras vantagens. Em Roraima, a cultura tem um ciclo mais reduzido e período diferenciado de plantio em relação ao restante do País. Por colher na entressafra, os produtores de Roraima conseguem um preço melhor vendendo no Brasil e, por estarem na fronteira, têm a opção de vender para a Venezuela, com um preço 30% superior. Por outro lado, segundo relaciona Vinhal, ainda enfrentam dificuldades logísticas e de adaptação às leis para exportar para aquele país. “Mas acredito que com o ingresso da Venezuela no Mercosul isso vai facilitar”, afirmou.

A área cultivada com soja em Roraima em 2006 foi de 8.300 hectares, com produção estimada para colher 28 mil toneladas, segundo a cooperativa. Noventa por cento da soja produzida no Estado é de cultivares (sementes) desenvolvidas ou adaptadas pela Embrapa Roraima. A colheita iniciou neste mês de setembro e vai até meados de outubro. A produção será vendida pela Venezuela, segundo Vinhal.

Os fatores que contribuem para que as lavouras de Roraima não tenham sido contaminadas, até o momento, pelo fungo causador da ferrugem “asiática” da soja estão relacionados às épocas de plantio e safra diferenciadas do restante do País e às condições climáticas não favoráveis à disseminação do fungo.

Conforme esclarece a pesquisadora da Embrapa, as condições naturais são importantes para que a doença não tenha chegado em Roraima porque a disseminação do fungo a longas distâncias é feita pelo vento. Porém, o fungo pode vir também em restos de vegetação em implementos, equipamentos e até roupas de pessoas que estiveram em lavouras contaminadas. Por isso, uma das formas para evitar a doença no Estado é um rígido controle sanitário fiscalizando a entrada de sementes, vegetais, implementos e equipamentos vindos de regiões contaminadas.

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