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Rotação de soja com milho pode ser solução para controlar nematóides

Um levantamento realizado pela Fundação Chapadão aponta que os nematóides estão presentes em praticamente todas as áreas de cultivo de soja e algodão da região de Chapadão do Sul


Um levantamento realizado pela Fundação Chapadão aponta que os nematóides estão presentes em praticamente todas as áreas de cultivo de soja e algodão da região de Chapadão do Sul (MS). O assunto, preocupante para produtores rurais e assistência técnica, foi um dos temas discutidos no seminário “Nematóide e compactação do solo – o inimigo presente”, realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Fundação Chapadão e pelo Sindicato Rural de Chapadão do Sul, no início do mês, no Centro de Eventos do Sindicato Rural de Chapadão do Sul.

A escolha dos temas também levou em consideração as demandas identificadas por pesquisadores e técnicos da Embrapa durante a avaliação da safra 2009/2010, na qual foram realizadas visitas a todas as regiões produtoras do Estado de Mato Grosso do Sul, ouvindo produtores e assistência técnica.

Na apresentação sobre a “Situação atual de nematóides na região dos Chapadões”, Edson Pereira Borges, da Fundação Chapadão, mostrou que o nematóide Pratylenchus, um problema recente, está disseminado na região.

Em seguida, o pesquisador da /Embrapa Agropecuária Oeste/, Guilherme Lafourcade Asmus, relembrou, na palestra sobre “Nematóide de cisto da soja: situação atual e controle”, alguns aspectos gerais sobre esse
nematóide desde o começo da ocorrência do parasita, na safra 1991/92, simultaneamente em Mato Grosso do Sul, no Triângulo Mineiro, Sudeste de Mato Grosso e em Chapadão do Céu (GO).

Ele explicou que no início da ocorrência do nematóide de cisto, o manejo foi bem sucedido através do uso de variedades resistentes e adoção de rotação de culturas com o milho. “Porém, apesar do controle, nos últimos
cinco anos o parasita voltou a ser problema porque, anteriormente, utilizava-se o milho em rotação com a soja e hoje ele está sendo usado em sucessão à soja. A soja é cultivada todo ano na mesma área e o milho passou a ser a segunda cultura, como safrinha. Esse parece ser o principal motivo pelo qual o nematóide está ressurgindo na região”, explicou.

A recomendação para diminuir essa ressurgência é retornar o milho para a época de verão, diminuindo assim a população de nematóides no solo. “Na região de Chapadão, as noites costumam ser frias favorecendo a boa produtividade do milho mesmo no verão”, concluiu.

Ainda sobre nematóides, o professor da Esalq/USP, Mario Massayuki Inomoto, ministrou palestra com o tema “Conhecimento atual sobre o nematóide das lesões radiculares (/Pratylenchus/)”. Ele fez uma análise das causas de disseminação deste nematóide no Cerrado: temperatura ideal para o desenvolvimento; textura do solo favorável e adoção do sistema plantio direto utilizando gramíneas - hospedeiras de nematóides - para a cobertura do solo.

Solo

Outro ponto abordado no seminário foi a qualidade do solo. O pesquisador da /Embrapa Trigo/ (RS), José Eloir Denardin, ministrou palestra sobre “Rotação de culturas – fator de construção de solo fértil”. Ele mostrou que boa parte dos problemas de compactação do solo resulta de um processo de degradação proveniente do uso contínuo de sistemas de produção que promovem a perda da matéria orgânica do solo.

Em seguida, o agrônomo do Grupo Schlatter, André Luiz da Silva, fez um relato sobre a situação dos solos em cultivo na região dos Chapadões, destacando uma série de problemas que permitem comprovar as informações
repassadas na palestra de Denardin.

Já o pesquisador da /Embrapa Agropecuária Oeste/, Julio Cesar Salton, falou sobre “Qualidade do solo da região dos Chapadões após 12 anos de uso”. Na palestra, ele apresentou resultados de pesquisa comparando a situação de lavouras em 1999 e em 2010. “Pelo estudo foi possível identificar com clareza que os sistemas utilizados levaram à perda de matéria orgânica resultando em vários problemas, entre os quais a compactação do solo”, explicou.

Segundo Salton, isso ocorreu porque há uma exigência mínima de aporte de carbono para a manutenção do sistema em equilíbrio e com as culturas usadas, principalmente com o monocultivo da soja, não se consegue satisfazer tal exigência. “Uma solução é adotar sistemas de culturas que apresentam grande quantidade de raízes e palha, como por exemplo, as forrageiras do gênero Brachiaria”, concluiu.

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