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RS: painel da Aquicultura debate diversidade e mercado

O painel Aquicultura: Desafios da Cadeia Produtiva aconteceu de forma híbrida


Foto: Pixabay

Incentivar a cadeia produtiva do pescado, garantindo desde a produção até a comercialização, enxergando a Piscicultura como uma alternativa para algumas propriedades e, para outras, como um negócio, como avalia o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri, foi o objetivo da realização do painel Aquicultura: Desafios da Cadeia Produtiva, realizado na tarde desta segunda-feira (06/09) de forma híbrida, presencial, no espaço da Emater/RS-Ascar no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e online, com transmissão ao vivo pelo canal da Emater RS-Ascar no Youtube (https://youtu.be/a4G_H6202Xk).

Com enfoque nacional e estadual, os debatedores abordaram a legislação ambiental, aspectos técnicos da criação e do processamento do pescado e Cooperativismo. Participam do debate, mediado pelo representante da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Ricardo José Núncio, Francisco das Chagas Medeiros, da PeixeBR, o extensionista e assistente técnico de Piscicultura da Emater/RS-Ascar, João Alfredo Sampaio, Marco Aurélio Rotta, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Seapdr, o pesquisador da Embrapa, Daniel Weber, além dos piscicultores e empreendedores Marcelo Treviso, da Natupeixe, Guinter Dalferth, da Piscicultura Dalferth, Delmar José Kohler, do Frigorífico FrigoKohler, e Aldi Feiden, da Unioeste.

Na abertura da atividade, o chefe de Gabinete da Seapdr, Erli Teixeira, observou que o incentivo à piscicultura no RS vai garantir o aumento da produção do pescado. Agradeço ao diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri, e a todos os técnicos da Seapdr e os visitantes por acompanharem este seminário, que é importante para fortalecer a cadeia produtiva e o desenvolvimento do nosso Estado, disse Teixeira.

De acordo com Alencar Rugeri, há algum tempo a Emater/RS-Ascar leva a política da piscicultura para seus assistidos e agora enxergamos como uma alternativa para algumas propriedades e um negócio para outras. Temos barreiras técnicas a discutir e outras a avançar, disse, ao defender romper esses desafios para ter sucesso pela boa rentabilidade que é possível atingir.

Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, uma Associação Brasileira da Piscicultura que envolve toda a cadeia produtiva e agrega associações estaduais, defende a instituição de uma política pública que promova a competitividade no setor. Em sua fala, avaliou os sistemas de produção verticalizado, onde as indústrias produzem, processam e comercializam, o integrado e o produtor independente, que está perdendo competitividade, disse, ao avaliar o sistema integrado. No momento de estabelecer política pública, tem que estabelecer o sistema integrado para competir no mercado externo, que no ano passado cresceu 12%, e profissionalizar o setor, antecipou.

DA SUBSISTÊNCIA À COMERCIALIZAÇÃO

A situação da piscicultura no RS foi apresentada pelo extensionista Sampaio, que destacou que 78% para subsistência e 22% para comercialização. Hoje, a Emater, em convênio com a Seapdr, possui três frentes de trabalho de construção de viveiros, diz, ao citar a constante orientação aos produtores, como correção de água, adubação, introdução de alevinos, prática de manejo, cuidado com qualidade da água, controle de doenças, despesca e formas de consumo do pescado produzido. Atuamos junto a 5.289 produtores em 299 municípios do Estado.

Sampaio também avaliou que na Semana Santa mais de 5 mil toneladas de pescado foram comercializadas em 472 municípios gaúchos que participaram do levantamento feito pela Emater/RS-Ascar e os resultados são bastante animadores, afirmou, ao citar a venda de carpas, que representa 65% da comercialização de pescado no Estado. Segundo ele, as carpas têm maior identificação com os pequenos produtores, público atendido pela Extensão Rural e Social no RS.

Segundo Sampaio, é preciso avançar no licenciamento, melhorar a comercialização e avaliar o custo alto de produção. O sistema de produção ainda é de baixa tecnologia, mas há também produtores com tecnologia de ponta, disse, ao defender a capacitação e repasse de informações aos produtores, mesmo aqueles que produzem para subsistência, e incentivar a qualificação da mão de obra cada vez mais escassa e atender à demanda de abastecimento interno, que tem limite bem menor do que a exportação.

Nosso projeto é aproveitar a disponibilidade de água nas propriedades, proporcionar alimento de alta qualidade e abastecer indústrias e mercados locais com produto de qualidade, afirmou Sampaio.

CONTEXTOS INSTITUCIONAIS

Marco Rotta, do DDPA da Seapdr, apresentou a Lei 15.647, de 1º de junho deste ano, que estabelece a Lei da Aquicultura e a nova proposta de Licenciamento Ambiental, recém finalizada e que será apresentada no Conselho Estadual de Meio Ambiente do RS (Consema) na próxima quinta-feira (09/09). Nosso objetivo é estimular e desburocratizar a aquicultura, estabelecendo instrumentos de cooperação técnica para um licenciamento ambiental mais simplificado para que possamos estabelecer esses procedimentos mais simplificados, especialmente para os pequenos produtores, que são maioria em nosso Estado?, apresentou, ao defender a criação de Grupos Técnicos (GTs) para deliberar ações específicas, como a proposta de criação de peixes em tanques-redes, atendendo regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Precisamos rever legislações e as normativas relacionadas, disse.

O analista de Gestão de Recursos Hídricos da Embrapa, Daniel Weber, apresentou o Geoweb Aquicultura https://www.embrapa.br/site-aquicultura, que reúne mais de 20 espécies aquáticas, com levantamento de todos os envolvidos na cadeia. Realizamos o levantamento de dados, a padronização e validação, o cruzamento de informações, elaboramos indicadores técnicos e análises estratégicas, e buscamos a consolidação e divulgação dos produtos finais, disse, ao apresentar como acessar o Geoweb.

Delmar Kohler, do FrigoKohler, do município paranaense de Ouro Verde do Oeste, ressaltou que o Paraná é o estado maior produtor de tilápias e que as pequenas agroindústrias abatem de três a 8 toneladas de tilápia por dia, sendo que 30% do abate acontece nas cooperativas de pequenos produtores. Ele conta que a industrialização do pescado no Brasil iniciou na década der 90 no Oeste do Paraná, assim como a cultura dos pesque-pague. Hoje, os pequenos piscicultores estão preocupados porque dependem das agroindústrias, mas penso que eles terão que se tecnificar, atendendo ao desejo do consumidor de adquirir o produto pronto, e formar pequenas cooperativas, sugeriu, ao citar duas grandes cooperativas de pescados, consideradas referência no setor, como a Copacol e a C-Vale, ambas no Oeste do Paraná.

Guinter Dalferth, da Piscicultura Dalferth, que produz alevinos no município gaúcho de Fazenda Vilanova, destaca que o RS possui hoje 15 propriedades produtoras de alevinos em 12 municípios, que garantem a produção em torno de 35 milhões de alevinos no Estado. A procura por tilápia aumentou, mas as capas ainda não maioria, avalia, ao dizer que a Piscicultura completará 25 anos em outubro. Estamos na Piscicultura porque tivemos persistência. A empresa é familiar com sete funcionários, diz.

O professor Audi Feiden da Unoioeste, também do Paraná, destacou a experiência do Cooperativismo no setor. Segundo ele, a cadeia produtiva da piscicultura foi estruturada no início dos anos 2000, com a implantação de frigoríficos com inspeção federal no oeste do Paraná, onde a legislação é muito avançada, não só viveiros escavados, mas em áreas de reservatórios, como o de Itaipu, que são muito produtivos.

Como a maioria dos viveiros é familiar, de cerca de um hectare de lâmina de água, o professor defende incentivar os pequenos produtores a se unirem em cooperativas, onde é possível oferecer garantia de compra. Feiden também disse que algumas cooperativas adotam a estratégia de abate terceirizado, o que está atraindo muitos jovens a investir no campo.

Marcelo Treviso, proprietário do NatuPeixe, de Guaporé, foi apresentado como precursor do seminário. Ele conta que iniciou com uma pequena agroindústria em 2012. De lá pra cá tivemos boas experiências e hoje certa dificuldade, pela entrada de outros peixes no mercado, como o panga, que tem preço baixo, prejudicando venda e a competição, diz, ao citar ainda os peixes clandestinos oferecidos nos restaurantes. Teria que ter cuidado com a fiscalização pra banir e incentivar os pescadores a venderem peixes para empresas e não para atravessadores, disse, ao defender o incentivo à produção de tilápia no RS.

Ao final do painel, que pode ser acessado no link https://www.youtube.com/watch?v=a4G_H6202Xk, a secretária estadual da Agricultura do RS (Seapdr), Silvana Covatti, avaliou a importância da cadeia produtiva no RS e nos estados vizinhos. Agradeço à participação efetiva da Emater, que é um braço muito importante da Secretaria, trabalhamos muito unidos e alinhados neste setor da piscicultura e na efetividade dessa grande produção que temos no nosso Estado, disse, ao se colocar à disposição no debate e na busca por soluções para esse setor, importante para a alimentação humana. Trago o grande interesse do governador Eduardo Leite para, juntos, sermos fomentadores e alcançarmos bons resultados neste importante e relevante setor para o desenvolvimento do nosso Estado, concluiu a secretária.

A Expointer acontece de 04 a 12 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com ingresso limite de 15 mil visitantes por dia. Mesmo sendo um local aberto, amplo e arejado, ao visitar o espaço da Emater/RS-Ascar é obrigatório seguir os protocolos de segurança, mantendo o distanciamento e o uso de máscaras e álcool gel.

Para desta terça-feira (07/09) a programação virtual e híbrida da Emater/RS-Ascar na Expointer conta com a transmissão que vai tratar sobre perspectivas e potencialidades dos Bioinsumos. A transmissão ocorre a partir das 10h.
 

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