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RS: Safra de Citros de Montenegro é aberta em evento online

O evento precisou de uma série de adaptações para que pudesse ocorrer durante a pandemia


Foto: Marcel Oliveira

"Eu me apaixonei pela citricultura, assim como me apaixonei pelo meu marido". Na semana que antecede o Dia dos Namorados - celebrado em 12 de junho -, é possível afirmar que a frase dita pela agricultora Elisandra Kehl, durante a Abertura da Safra de Citros de Montenegro, não poderia ser mais adequada. Realizado em formato online na noite de terça-feira (08/06), o evento, um dos mais tradicionais do município do Vale do Caí, precisou de uma série de adaptações para que pudesse ocorrer durante a pandemia.

E a principal alteração envolveu a programação, que foi toda pré-gravada, com a transmissão feita pelo canal de Youtube do Rio Grande Rural e no Facebook da Emater/RS-Ascar. Ao lado do marido Everton, Elisandra foi a "anfitriã" da atividade, podendo abrir não apenas a propriedade para o público de mais de 400 pessoas que acompanhou o evento, mas também o coração. "Eu amo o que eu faço", enfatizou mais de uma vez, enquanto reforçava o caráter familiar da atividade que garante renda e, principalmente, qualidade de vida a todos.

Elisandra, afinal de contas, trabalhava na cidade - no ramo automotivo - e optou por fazer o caminho inverso ao de muitos agricultores que buscam o seu sustento na correria dos grandes centros: ao conhecer também iniciou na agricultura, auxiliando o sogro. Não demorou para que a rotina se tornasse mais pesada, com ambos buscando a tranquilidade do campo, em definitivo. Em meio aos pomares de citros que rendem 1.200 caixas de frutas por safra - principalmente bergamotas - a certeza de ter feito a escolha certa.

"É claro que a vida no campo tem as suas exigências e a produção de frutas requer cuidados que iniciam no solo, passando pelo manejo, com os tratos, as podas e os raleios, até chegar a colheita", contextualiza Everton. Mas com o apoio da Emater/RS-Ascar - vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do estado -, da Prefeitura e do Sebrae/RS, por meio do Programa Juntos Para Competir, o casal tem enfrentado as eventuais dificuldades, se mantendo motivado diariamente.

"Muitos até achavam que eu ia me deprimir", chegou a brincar Elisandra durante a apresentação, alegando que seu perfil extrovertido e falante poderia ser comprometido pelo isolamento eventualmente bucólico, em meio ao pomar. Mas não. O orgulho em ser citricultora a motivou tanto, que hoje ela atua também como presidente da Associação da Citricultura do Vale do Rio Caí (Acvarc). E mesmo com tanto envolvimento, a agricultora sorri ao falar da oportunidade de conviver mais com a família - com seu filho e sua mãe de 81 anos - como um dos aspectos mais importantes da vida no campo.

Boa expectativa para a safra

Responsável por apresentar um panorama estadual e regional para a citricultura, o extensionista da Emater/RS-Ascar Marcos Schäfer aposta em uma safra que deve se desenvolver dentro da normalidade, diferentemente do que ocorreu em 2020, quando houve redução de cerca de 35% da produção por conta da estiagem. Para este ano, a estimativa é de que sejam colhidas no Vale do Caí 187 mil toneladas de citros, sendo 122 mil toneladas de bergamotas, 53 mil de laranjas e 10 mil de limões. No Vale do Taquari deverão ser colhidas 18 mil toneladas de citros - sendo 15 mil de laranjas.

Sem grandes eventos adversos, o técnico afirma haver condições favoráveis para o desenvolvimento das frutas, apesar de ter havido um volume de chuvas abaixo da expectativa em meses como fevereiro e março desse ano. "Já no último mês de maio houve uma retomada da normalidade em matéria de precipitações", salienta. No que diz respeito a forte seca de 2020 houve antecipação de florada após o inverno, com estas acontecendo ao final da estação mais fria do ano. "E esta antecipação também faz com que a colheita de diversas variedades ocorra mais cedo", enfatiza.

Schäfer também destaca o fato de não ter havido geadas tardias, granizo ou excesso de chuvas que pudessem comprometer o desenvolvimento dos frutos. Até o momento, a bergamota da variedade Satsuma já foi colhida em sua totalidade, já estando avançadas também as colheitas das variedades Caí e Ponkam. Nas laranjas estão em colheita as variedades Céu Precoce, Umbigo Bahia e Shamout. "As demais ainda estão para ser colhidas e esperamos que as boas condições persistam para que a safra possa ser concluída de forma satisfatória", avalia.

Já no Estado, a previsão é de que sejam colhidas 404,6 mil toneladas de citros sendo 160,6 mil toneladas de bergamotas, 230 mil toneladas de laranjas - uma redução de 43,5 mil toneladas - e 14 mil toneladas de limões, sendo o Vale do Caí a maior região produtora do Rio Grande do Sul. No Estado há ainda o prognóstico de redução geral de 30% da safra nas regiões de Frederico Westphalen e Erechim, que são os maiores produtores de laranjas.

Além de Schäfer, a abertura contou com manifestações do diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, do representante da Câmara Setorial da Citricultura da Seapdr, Paulo Lipp João e do citricultor Célio Ketterman, que historicizou o surgimento da bergamota Montenegrina na região. Rugeri destacou a importância da cadeia produtiva, com avanços mesmo em um cenário de dificuldades. "A gente agradece o empenho das famílias de citricultores pelo esforço em nos entregar frutas de qualidade", afirmou.

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