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RS deve dobrar produção de trigo em 2007

Ao contrário da frustração que marcou as últimas safras no Estado, o sentimento agora é de que seja possível dobrar a produção


A pouco menos de um mês para o início da colheita de trigo no Rio Grande do Sul, o cenário é de total otimismo. Ao contrário da frustração que marcou as últimas safras, o sentimento agora - com preços favoráveis e após a safra recorde de verão - é de que seja possível dobrar a produção, aliada à elevação de produtividade.

A expectativa é de colher 1,5 milhão de toneladas do cereal, contra as 708,7 mil toneladas de 2006. A área plantada também aumentou, saltando dos 693 mil hectares, com média de produtividade na ordem de 1.022 quilos por hectare - em função das chuvas e da geada - para 803 mil hectares plantados, com média de produtividade prevista entre 1.800 e 2.000 quilos por hectare.

Segundo o engenheiro agrônomo da Emater de Passo Fundo, Cláudio Doro, os bons preços praticados no mercado e a previsão de clima favorável foram fatores determinantes para que os produtores se motivassem a investir nas lavouras de trigo. "A área só não cresceu mais porque na época de implantação da lavoura os preços dos fertilizantes estavam altos. Se os resultados positivos se confirmarem é bem possível um incremento de área maior para 2008", salienta. Sobre os preços, Doro destaca um aumento de até 40% em comparação ao mesmo período do ano passado. "Em 2006, a saca de 60 quilos era vendida a R$ 21,00, hoje é cotada a R$ 29,50".

Para o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, o incremento se deve a uma série de fatores, como a limitação nas exportações argentinas - culminando na valorização do produto nacional -, além da quebra de produção ocorrida em países como Austrália e Ucrânia. "Os preços estão bons tanto no mercado doméstico como externamente. Há anos não eram praticados nesse nível", comemora.

O vice-presidente da Cotrimaio, com sede em Três de Maio, Antônio Wünsch, disse que a expectativa dos produtores é de safra cheia, após quatro anos de frustrações consecutivas. "Andamos de arrasto nesse período e começamos a reverter o quadro, além disso, estamos trabalhando com preços nunca antes vistos na história", destacou.

Ao avaliar as condições atuais das lavouras, o agrônomo da Emater, informa que o quadro é formado por plantas com bom potencial produtivo que até agora foram beneficiadas pelo clima seco com volume hídrico bem distribuído. Segundo ele, a lavoura entra agora em sua fase crítica, quando ocorre o espigamento e a floração, muito suscetíveis às chuva fortes e à geada. "É preciso torcer para que esses fenômenos não ocorram".

Entre as questões polêmicas que têm agitado o setor está a possibilidade de inclusão do trigo na lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC), para o produto oriundo de países fora do Mercosul. "Será uma desvantagem para os triticultores, talvez só seja positivo para os moinhos e para os consumidores", disse Doro. Para o presidente da Fecoagro, mesmo que a proposta do governo seja levada a cabo, o mercado nacional não deve sofrer grandes alterações. "Os preços de países como Estados Unidos e Canadá, caso a medida seja aprovada, entrarão com valores semelhantes ao argentino, o que não deverá provocar grandes alterações", prevê.

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