CI

RS deverá liderar cultivo de trigo no país

Cereal terá incremento na área cultivada e no país em 6%


“Este será um ano em que a produção mundial deve recuperar os baixos estoques do cereal, a menos que ocorram eventuais quebras devido ao clima”
 
O Brasil destaca-se por ser um dos maiores importadores de trigo do mundo, sendo superado apenas pelo Egito. Esta alta dependência externa para o abastecimento deve-se, entre outros fatores, à forte concorrência da produção nos parceiros do Mercosul, que conseguem produzir a um custo inferior e ingressar no mercado nacional com as vantagens concedidas no Bloco de livre comércio. Prova disso é que depois da desregulamentação da Cadeia Tritícola (1990) as aquisições no Mercosul, com destaque para as da Argentina, correspondem a mais de 95% do total adquirido pelos moinhos brasileiros. Outro fator que pesa contra a triticultura nacional é a concentração da produção no Sul do país, longe dos grandes centros produtores.

De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Elcio Bento, outra movimentação interessante que vem se verificando é a retomada da liderança gaúcha como maior produtor nacional de trigo. A produção do cereal no Sul do país foi introduzida pelos Açorianos no Rio Grande do Sul em 1752. Desta introdução, até o início da década de 1970 os gaúchos foram os maiores produtores nacionais. “A partir de então, a produção da soja no Paraná trouxe consigo o trigo, que encontrou um clima mais favorável e uma maior proximidade do principal centro consumidor, o Sudeste brasileiro, para se consolidar como maior produtor nacional”, comenta.

Porém, segundo o analista, recentemente os produtores paranaenses que estão em regiões que permitem o plantio do milho safrinha têm abandonado a triticultura. Essa migração para a outra cultura não é possível no Rio Grande do Sul devido a questões relacionadas ao clima. Com isso, na safra passada (2012/13) e na atual (2013/14), cujo plantio está iniciando no Paraná e é iminente no Rio Grande do Sul, os gaúchos retomaram a liderança em área plantada. Diante da nova conjuntura de agricultura internacional, em que o milho tem grande utilização na bioenergia, a tendência é que o Rio Grande do Sul volte a consolidar sua histórica posição de maior produtor de trigo no Brasil.

De acordo com dados de Safras & Mercado, devido à forte elevação das cotações verificada no atual ano comercial, o trigo terá incremento na área cultivada em 6%, passando de 1,9 milhões de hectares para 2,01 milhões de hectares no país.

No Rio Grande do Sul, espera-se um aumento de 2% - passando de 980 mil hectares para 1 milhão de hectares. Conforme o analista Elcio Bento, nos últimos dois anos o RS passou o Paraná em área plantada, porque o outro estado destina parte da área para o cultivo do milho safrinha. Entretanto, como nesse ano o trigo teve uma rentabilidade maior, no Paraná deverá ampliar o cultivo com trigo num percentual maior, chegando a 10%, de 775 mil para 870 mil ha.
Mercado

O ano comercial 2012/13 foi considerado um dos melhores em termos de preços. E esse é um fator que está fazendo com que os produtores aumentem o cultivo do cereal na safra 2013. Outro fator que deve ser considerado é que o governo elevou o preço mínimo em 5,8%, o que se tornou um atrativo. “Dessa forma os agricultores tem em mente que o menor preço que podem vir a receber pelo governo é o mínimo, o que já está favorável”, comenta o analista.

Bento explica que o ano comercial se dá de agosto de 2012 a julho de 2013. Nesse período, os preços estiveram elevados, mas uma série de fatores contribuiu para essa condição. A quebra da safra gaúcha é um dos motivos, mas que menos influenciou no cenário. Teve a quebrada safra nos países da ex União Soviética, foi um dos principais motivos, somado a redução da safra a Argentina e a elevação do dólar em relação ao real. A quebra mundial no ano passado foi de 6% assando de 697 milhões de toneladas a 655 milhões de t. Além disso, a demanda continua crescente. Essa combinação de fatores resultou em um dos preços mais altos da historia do trigo.

A tendência para este ano, na opinião do analista, é dos preços continuarem elevados, entretanto, não na mesma proporção que estavam. “Este será um ano em que a produção mundial deve recuperar (a menos que ocorram eventuais quebras de safras). Com isso, será uma temporada de recuperação do rombo verificado nos estoques globais. No Mercosul, espera-se uma maior oferta argentina. Estes dois fatores, se confirmados, não deixam espaço para preço nos mesmos patamares verificados no ciclo anterior”, conclui Bento.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.