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Rússia define cotas e libera carne suína catarinense


Importação será limitada a 370 mil toneladas em 2003; missão brasileira acertará detalhes finais da queda do embargo. Os exportadores brasileiros de carne suína receberam duas boas notícias da Rússia. A primeira delas é que a cota de exportação foi finalmente definida, em 370 mil toneladas. A segunda é que a Rússia reabriu as portas para as importações de Santa Catarina, embargadas desde dezembro do ano passado em razão da presença do vírus Aujeszky no rebanho catarinense.

As cotas de importação foram fixadas, porém o critério de distribuição delas ainda não foi definido. "Um dos critérios provavelmente será o menor preço, o que favorecerá o Brasil, que é muito competitivo do mercado externo", diz Cláudio Martins, superintendente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Outro critério pode ser a performance passada, o que também beneficiaria o Brasil, tradicional exportador àquele país.

Dentro da cota, a carne exportada terá imposto de importação de 15%. Fora dela, o imposto será maior, chegando a 70%.

A definição da cota de importação de carne suína vinha sendo aguardada ansiosamente pela indústria. A Rússia é o maior mercado da carne suína brasileira. Das 475 mil toneladas exportadas em 2002, cerca de 80% (377 mil toneladas) foram embarcadas para a Rússia.

Do total exportado para a Rússia, Santa Catarina respondeu por 280 mil toneladas, que geraram receitas de US$ 375 milhões para o estado.

Por isso, a liberação das importados de carne catarinense foi recebida com grande alívio pela indústria local. "Esperávamos por essa notícia há muito tempo. A expectativa era de que a liberação tivesse ocorrido em meados de fevereiro", diz Pedro Benur Bohre, diretor-geral de operações da Seara Alimentos. A Seara é líder em exportações de carne suína, com participação de 25% do mercado.

O governo, no entanto, fez uma "mea culpa" para justificar o atraso na liberação das exportações catarinenses. "Não fizemos o dever de casa", admitiu o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Amauri Dimárzio. Ele diz que o governo brasileiro não havia respondido a todas as questões dos russos e, por isso, o embargo persistia.

Missão brasileira

Uma missão brasileira embarcou no último sábado com direção à Rússia para acertar os detalhes finais da liberação das importações catarinenses de suíno.

José Amauri Dimárzio disse ainda que o governo pretende aproveitar a oportunidade para discutir a venda extra-cota de suínos, em troca da compra de trigo.

As exportações de Santa Catarina à Rússia serão oficialmente retomadas a partir de 1º de abril. Na prática, porém, as compras só estarão autorizadas a partir do dia 15 quando começam a ser emitidas as licenças de importação da Rússia. A política de emissão das licenças ainda não foi definida porque a Rússia ainda não estabeleceu o critério de distribuição das cotas de importação de carne.

As importações estavam suspensas desde 24 de dezembro de 2002, em razão da presença do vírus Aujeszky no rebanho catarinense. Agora que o vírus está sob controle, a Rússia reabriu as portas à carne.

Segundo informações da indústria e dos produtores, o vírus não causa prejuízos à qualidade da carne ou à saúde humana. As importações catarinenses haviam sido embargadas porque o governo brasileiro havia declarado que esse mal estava erradicado do rebanho. No final do ano passado, no entanto, o governo estadual anunciou um programa de combate ao Aujeszky, o que irritou o governo russo e provocou o embargo.

O programa de erradicação resultou no abate de 115.775 animais até fevereiro de 2003, quando foi eliminado o último foco. O secretário de Estado da Agricultura e Política Rural de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, afirma que a doença agora está sob controle.

O embargo prejudicou sobretudo indústrias de médio porte. As empresas de grande porte encontraram alternativas para continuar exportando para a Rússia. A Seara, que antes produzia a carne suína para exportação em sua unidade de Seara (SC), transferiu a produção para Dourados (MT), onde os custos de produção são maiores. "Tentamos preencher a lacuna, porém a capacidade industrial em Dourados é inferior à de Seara", diz Bohre. O executivo diz que as exportações para a Rússia foram menores no primeiro trimestre, sem especificar números, porém acredita que o volume possa se recuperar ao longo do ano.

Queda nas vendas

Em Santa Catarina, o embargo russo pode ser medido em números. Segundo a Secretaria do Ministério de Comércio Exterior (Secex), as exportações catarinenses de carnes, carcaças e miudezas de suínos no primeiro bimestre de 2003 somaram US$ 22,25 milhões, 28,81% a menos que em igual período do ano passado. O presidente do Sindicato da Indústria da Carne de Santa Catarina (Sindicarnes), José Zeferino Pedrozo, afirma que ainda é possível recuperar o prejuízo ao longo do ano, desde que seja possível escoar plenamente a produção do estado.

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