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Rússia tranca contratos de exportação de trigo para conter inflação

Especulação fez com que o preço do trigo em Paris atingisse um patamar histórico


A Rússia, a quarta maior exportadora mundial de trigo, deverá reduzir embarques do produto para conter a inflação de alimentos no mercado interno. A especulação fez com que o preço do trigo em Paris atingisse um patamar histórico. Por ser o Dia do Trabalhador nos Estados Unidos, ontem não houve negócios na Bolsa de Chicago (CBOT). Por conta disso, analistas acreditam que o efeito dessa medida só deve ser sentido hoje no pregão.

Os boatos surgiram porque o diretor de informação e análise da União de Grãos da Rússia, a partir de Moscou, Sergei Shakhovets, informou que a Rússia criou um "grupo de trabalho" para propor medidas que devem incluir vendas dos estoques do governo e a adoção de tarifas e cotas sobre as exportações. Na opinião de analistas, a decisão deverá potencializar o avanço das cotações do trigo, que já atingem níveis históricos devido ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado global.

Medida semelhante à da Rússia já tinha sido anunciada pelo governo da Argentina em março a fim de controlar os preços do grão na entressafra. Embora as importações brasileiras de trigo da Rússia sejam modestas e o efeito não seja imediato, analistas brasileiros avaliam que a medida russa deve refletir nos preços internos, devido ao efeito em cadeia. "A medida deve influir no Golfo do México, o formador de preço dos Estados Unidos, refletindo nos preços na Argentina e futuramente nos do Brasil’’, disse um analista de uma corretora que não quis se identificar. Por conta disso, o trigo da argentina deve absorver a alta, diz, e as próximas compras brasileiras de trigo dos argentinos terão preços maiores. Os primeiros contratos de compra com entrega em dezembro foram realizadas a preços entre US$ 290 e 300 a tonelada, complementou.

O início da colheita da safra brasileira deve retardar o efeito da alta externa e fazer com os que preços se desloquem um pouco dos internacionais, segundo o analista da Safra & Mercado, Élcio Bento. A colheita da safra do Paraná, o maior produtor nacional do grão, começa a ganhar peso neste mês. Já no Rio Grande do Sul os triticultores começam a colher o grão em outubro e os da Argentina em novembro. "O nosso mercado deve ficar mais abastecido e os preços descolarem um pouco dos internacionais’’, avalia Bento. Pelo menos entre 4 e 5 milhões de toneladas do grão devem vir da Argentina.

O Cazaquistão disse ontem também que pretende lançar licenças para a exportação de grãos. A previsão do mercado de "emissão de licenças de exportação de trigo na Rússia e no Cazaquistão é um grande fator" a pesar sobre os preços, disse Sorin Vasloban, trader de grãos e oleaginosas da corretora Plantureux S.A.

Os estoques mundiais de trigo para o período de 12 meses, que se encerra em junho de 2008, vai cair para o menor volume dos últimos 25 anos, segundo o Conselho Internacional de Grãos, em Londres. A oferta do produto foi prejudicada pela seca na Ucrânia, na Europa e no Canadá.

O contrato de trigo para entrega em novembro tinha subido € 8,50, ou 3,3%, para € 265,50 a tonelada na bolsa Euronext.liffe. A seca ocorrida nas principais regiões russas produtoras de trigo de Rostov, Volgogrado e Orenburg deverá reduzir a produção em 3,2%, para 44,3 milhões de toneladas este ano, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados unidos (Usda).

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