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Safra catarinense dá o maior lucro em 20 anos


Rentabilidade das lavouras chega a 200%, em função da produtividade e preços elevados.

Os agricultores catarinenses estão voltando a sorrir. Depois de enfrentarem a estiagem no ano passado e uma seqüência de colheitas com baixa remuneração, esta safra promete ser a melhor da história, em função da produção recorde e do preço alto.

Em Santa Catarina, a produção de milho deve ser de 6,1 milhão de toneladas, 27% a mais que no ano passado. Em todo o país devem ser colhidas 112 milhões de toneladas.

O secretário-geral da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, disse que a remuneração desta safra será a melhor dos últimos 20 anos. Ele explicou que algumas lavouras, como o milho, terão rendimento de 200% em relação ao custo. Plantações de milho que custaram entre R$ 800 e R$ 900 por hectare devem ter uma renda de R$ 2,8 mil, sobrando R$ 2 mil limpos por hectare.

O secretário-geral da Faesc disse que essa rentabilidade foi ocasionada pela oscilação do dólar. Na época de plantio, o dólar estava entre R$ 2,60 e R$ 2,70. Agora, na colheita, a moeda americana oscila entre R$ 3,40 e R$ 3,50. Como os insumos e os grãos são regidos pelo mercado internacional, o produtor teve um ganho efetivo de R$ 10 por saca de soja em relação ao preço internacional, que tem uma média histórica de US$ 10 a US$ 11. “Culminou uma safra cheia, com custo baixo e preços atrativos”, avaliou Barbieri. Ele disse que essa diferença vai permitir ao produtor modernizar o parque de máquinas e melhorar a correção do solo.

O engenheiro agrônomo do Instituto de Planejamento em Economia Agrícola de Santa Catarina (Cepa), Simão Brugnago Neto, confirmou que a remuneração neste ano é muito superior à do ano passado e dá para o produtor cobrir as despesas com folga. A saca de soja dobrou, de R$ 20 para R$ 40.

Simão Brugnago Neto disse que a tendência é de manutenção de preços elevados para o setor de grãos, em virtude do mercado internacional. Se o preço cai internamente os produtores vão exportar, e isso pode acarretar aumento de custo para os criadores de aves e suínos.

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Luiz Temp, disse que desde o início do Plano Real, os agricultores vinham sofrendo com baixa valorização dos produtos e custos elevados, pela paridade entre o dólar e o real. Com a desvalorização, o produto nacional se tornou mais competitivo.

Temp avaliou que este ano está ótimo para o produtor de grãos, que vai recuperar renda. Isso vai alavancar o faturamento do setor cooperativo, que deve passar de R$ 3,4 para R$ 4 bilhões. Por outro lado Temp disse que essa valorização dos grãos está penalizando os criadores de aves e suínos, que vêm enfrentando sérias dificuldades desde o ano passado.

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