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Safra de cana-de-açúcar na região Centro-sul deve crescer 6% em 2004


A safra de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do Brasil deve crescer entre 6% e 7% este ano, segundo projeções da empresa de consultoria Procana, devendo atingir algo em torno de 315 milhões de toneladas no período 2004/05. "Nossas expectativas são de que após o escoamento dos estoques, que se encontram em patamares cerca de 10% superiores aos volumes da safra passada, os preços do açúcar voltem aos patamares normais", avalia Josias Messias, diretor da Procana.

Na última semana, as cotações do açúcar recuperaram a estabilidade no mercado interno. A elevação dos preços internacionais tornou as exportações brasileiras mais rentáveis que a venda interna na última semana. Segundo indicador Cepea/ Esalq, essa vantagem chegou a 23%.

Com isso, algumas usinas deixaram de ofertar para os compradores nacionais, aliviando a pressão de oferta que vinha sendo exercida sobre os preços domésticos nas semanas anteriores. Na sexta-feira, o indicador Cepea/ Esalq para o açúcar cristal fechou a R$ 18,33 por saca de 50kg, com variação positiva de 0,71% neste início de mês. Em 05 de março de 2003, o produto era negociado entre R$ 45,24 por saca.

Essa é a primeira vez na história do setor, que as cotações do açúcar despencam em pleno período de entressafra. Os estoques de passagem da safra 2003/04 para o período 2004/05 estão estimados entre 1 e 1,3 milhão de toneladas de açúcar, volume de produção suficiente para fazer frente a um mês de consumo no mercado interno.

Os bons patamares dos preços do açúcar praticados na bolsa de Nova York na última semana, devem contribuir para incrementar a produção de açúcar na próxima safra, que no ano passado foi mais alcooleira, segundo projeções da empresa de consultoria Datagro. No pregão de sexta-feira, os contratos para entrega em julho foram cotados a 6,07 centavos de dólar por libra-peso, em alta de 0,8%.

Entraves em Londres

Na última semana a bolsa de Londres surpreendeu os exportadores brasileiros com a divulgação de uma nova tabela preço de frete, válida para os contratos com vencimento em maio. "Estamos recomendando a suspensão deste mecanismo, que afeta de maneira direta as vendas do Brasil e compromete a liquidez do contrato de açúcar refinado", diz Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).

A adoção de uma nova tabela vai elevar em US$ 12 por tonelada o desconto sobre o produto brasileiro que for entregue na bolsa de Londres, para US$ 27 por tonelada. A última mudança foi realizada no mês de março, quando os custos de frete para o porto de Santos, por exemplo, saltaram de US$ 9 por tonelada, para US$ 15 por tonelada. Para os outros portos brasileiros, com exceção de Recife, Maceió, Natal, que estão tarifados em US$ 20, vale o preço novo de US$ 27.

O desconto do frete só vale para entrega física no caso da liquidação de contrato. "A adoção de uma tabela de fretes tem como finalidade evitar entregas na bolsa, que em geral é utilizada para a proteção nos negócios", avalia Fernando Moreira Ribeiro, secretário geral da Unica. Ainda assim, a medida é prejudicial ao Brasil, que tem taxas superiores aos portos norte-americanos e europeus. Cerca de 30% das exportações brasileiras de açúcar, projetadas em 14 mil toneladas este ano, são entregues na bolsa de Londres.

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