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Safra de soja 2016/17 deve passar de 101 milhões de toneladas, estima Abiove

Conab estima a área de soja plantada 2016/17 em 33,9 milhões de hectares


Conab estima a área de soja plantada 2016/17 em 33,9 milhões de hectares

A safra brasileira de soja deverá bater o recorde de 101,7 milhões de toneladas no ciclo agrícola de 2016/17, frente as 96,1 milhões de toneladas registradas na temporada anterior, segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

“A previsão é muito boa para a soja em 2017, pois a área cultivada superou 33,3 milhões de hectares e as condições climáticas são favoráveis para o país alcançar uma safra recorde, estimada em quase 102 milhões de toneladas”, analisa o secretário-executivo da instituição, Fabio Trigueirinho.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a área de soja plantada 2016/17 em 33,9 milhões de hectares. A estimativa da Abiove está bem próxima ao número do terceiro levantamento da safra 2016/17 feito pelo órgão estatal, divulgado no começo de dezembro. A Associação projeta a produção brasileira entre 101,5 milhões e 103,5 milhões de toneladas, um aumento de 6,4% e 8,5%, respectivamente.

A Conab, por sua vez, aposta em 102 milhões de toneladas, volume também semelhante à previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), que reduziu a projeção inicial da safra brasileira da oleaginosa de 106 milhões de toneladas para 102 milhões de toneladas, considerando uma possível quebra, causada por problemas climáticos.

O total de 102 milhões de toneladas é igual ao número projetado pela consultoria INTL FCStone, com base em problemas climáticos ocorridos em algumas regiões, como o sul do Mato Grosso do Sul, onde a chuva é inferior às necessidades das lavouras.

MERCADO EXTERNO

A Abiove também prevê aumento nas exportações, em 2017, para 58 milhões de toneladas da oleaginosa (ante 51,7 milhões de toneladas no ano anterior).  Este número está em linha com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que estima as vendas externas brasileiras da oleaginosa em torno de 58,40 milhões de toneladas, frente a 54,02 milhões de toneladas previstas para o ciclo 2015/16.

Conforme análise da equipe técnica da Conab, como a maior parte das exportações brasileiras de soja é para a China, e com o aumento previsto de 4,24% das importações para o país asiático, há possibilidade que os embarques brasileiros de soja alcancem o patamar previsto de 102 milhões de toneladas.

MERCADO ASIÁTICO

“Nossa meta é melhorar a presença de produtos com maior valor agregado na cadeia de soja (farelo e óleo), em mercados como a China e outros países da Ásia, onde há espaço para crescimento das exportações brasileiras”, afirma Carlo Lovatelli, presidente da Abiove.

Na opinião do executivo, o estresse entre Estados Unidos e China, causado pela crítica do presidente norte-americano eleito, Donald Trump, à ideia de uma China única, poderá beneficiar as exportações brasileiras de soja para o país asiático. “Se o Brasil souber conduzir bem as negociações, poderá aumentar as exportações da oleaginosa para a China”, acredita Lovatelli.

De acordo com o executivo, as projeções para 2017 são de aumento das exportações de soja em grão, de óleo e de farelo para os países asiáticos. Os principais focos do Brasil são Coreia do Sul, Mianmar, Malásia, Tailândia e Vietnã. “Os entraves para o acesso a esses países são as barreiras tarifárias à soja beneficiada”, afirma ele, acrescentando que a expectativa é aumentar, em até 3%, as exportações de farelo e óleo para a Ásia.

Uma das prioridades do setor é acessar a China que produz todo o farelo de soja consumido internamente. “O governo brasileiro e autoridades chinesas estão negociando a liberação de uma cota de 5 milhões de toneladas de farelo de soja para o país asiático”, conta Lovatelli, acrescentando que a produção de farelo de soja é uma questão política para o governo chinês, que prefere importar a soja em grãos e processá-la nas indústrias locais.

A Abiove prevê também um crescimento das exportações de soja em 2017, com aumento da demanda de vários clientes do Brasil, entre os quais a Europa, maior comprador, e ressalta a necessidade da abertura de novos mercados em médio prazo.

Maior consumidor global de farelo de soja (66,6 milhões de toneladas por ano), a demanda da China é abastecida por indústrias locais. Atualmente, esse mercado asiático importa mais de 80 milhões de toneladas de soja em grãos por ano, sendo que metade desse consumo é abastecido pelo Brasil.

PROCESSAMENTO E CONSUMO

A Abiove ainda aposta no aumento do processamento no próximo ano, em relação a 2016 (de 39,20 milhões de toneladas para 41 milhões de toneladas), e da produção de farelo (de 29,7 milhões de toneladas para 31,1 milhões de toneladas) e de óleo (de 6,8 milhões de toneladas, frente a 8,1 milhões de toneladas).

Quanto ao consumo interno, para o próximo ano, a estimativa é de 15,7 milhões de toneladas de soja, ante 15,3 milhões de toneladas em 2016. A exportação de farelo, está prevista em 15,5 milhões de toneladas, acima de 14,3 milhões de toneladas no ciclo anterior.

Já a demanda doméstica de óleo, deverá alcançar 6,8 milhões de toneladas em relação às 6,5 milhões de toneladas, na mesma comparação, enquanto as exportações devem ser de 1,35 milhão de toneladas em 2017.

Para 2016, a Associação estima uma queda no processamento e na exportação de soja em grãos, na produção, nas vendas externas e na demanda interna de farelo e de óleo para a alimentação e para a produção de biocombustível. A previsão é de esmagamento de 39,4 milhões de toneladas de soja (3,34% abaixo do ano anterior), exportações de 51,7 milhões de toneladas do grão, de 14,3 milhões de toneladas de farelo (queda de 3,35%) e de 1,35 milhão de toneladas de óleo.

Já a produção de farelo de soja deve ser de 29,7 milhões de toneladas (quebra de 3,46) e de óleo, 7,8 milhões de toneladas. O consumo interno de óleo de soja está previsto em 15,3 milhões de toneladas, 4,5% abaixo, na mesma comparação.

BIODIESEL

A partir de março de 2017, haverá um acréscimo de 8% (o chamado B8) na mistura obrigatória do biodiesel ao diesel, ampliando no ano seguinte para 9%, e chegando a 10% em 2019. De acordo com a Abiove, cada 1% de aumento na mistura equivale a mais 2 milhões de toneladas do grão para processamento, 400 mil toneladas a mais de óleo na produção anual de soja e 2 milhões de toneladas de farelo.

“O desafio das empresas é desovar o volume adicional de farelo, que dificilmente será absorvido pelas granjas brasileiras”, diz o gerente de Sustentabilidade da Abiove, Bernardo Pires.

Para o ano que vem, a Associação projeta uma produção de 3,8 bilhões de litros de biodiesel de soja, 3% abaixo do volume obtido em 2015, em decorrência da crise econômica que reduziu a demanda por diesel de veículos utilitários.

“Para o próximo ano, a expectativa é de aumento da produção, para 4,5 bilhões de litros, considerando que o consumo de diesel B volte aos patamares de 2015, com a entrada do B8 a partir de março, o que demandará cerca de três milhões de toneladas de óleo de soja”, prevê Pires.

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