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Safra do Rio do Grande do Sul está nas mãos do ‘La Niña’

A semeadura sofreu atrasos em algumas regiões por causa do excesso de umidade no solo e pela demora em colher o trigo.


O Rio Grande do Sul vive um excelente momento no agronegócio, especialmente quando se trata da soja. No ciclo passado, o estado colheu 16 milhões de toneladas, o maior volume da história. Nesta safra, os produtores querem repetir o desempenho, principalmente se o clima permitir, já que a área dedicada à oleaginosa é a mesma: 5,4 milhões de hectares.

Quando a Expedição Safra visitou o estado, na semana passada, 70% das lavouras de soja estavam semeadas e os produtores animados. “As condições das lavouras estão muito boas, por enquanto, não há relato de danos ou pragas”, afirma o gerente adjunto da Emater em Erechim, no Noroeste do RS, Neri Montepó.

Para a maioria dos produtores, o plantio começou em outubro. A semeadura sofreu atrasos em algumas regiões por causa do excesso de umidade no solo e pela demora em colher o trigo. “A janela de plantio é mais extensa por aqui. Esses atrasos não são preocupantes e foram pontuais”.

A maior preocupação dos produtores é com o La Niña, evento climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, que provoca queda nas temperaturas e diminui as chuvas no Sul do Brasil. “Nós ainda não sabemos qual será a intensidade, mas é sempre um risco”, afirma o produtor de Cruz Alta, no Noroeste gaúcho, Tiago Rubert. Nesta safra, ele plantou 3,6 mil hectares de soja, 300 ha a mais que no ciclo passado. No entanto, espera uma produtividade menor: 53 sacas por hectare, 12 a menos do que na última safra. “Por enquanto, a nossa lavoura está se desenvolvendo muito bem. A semeadura foi boa. Vamos ficar atentos ao tempo”, diz.

Em Erechim, o produtor Marcelo Marostika também espera que o tempo não atrapalhe. Neste ano, ele terminou de semear 22 hectares de soja no fim de novembro. “Se o tempo nos ajudar neste ciclo, espero colher 60 sacas por hectare, a mesma quantidade do ano passado. Mas o clima está dando alguns sustos na gente”.

Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Renato Lazinski, o La Niña está configurado, no entanto, em baixa intensidade. Ele explica que, no momento, o fenômeno está provocando chuvas irregulares, períodos de seca mais extensos e ondas de frio. “A preocupação dos produtores do Rio Grande do Sul tem fundamento. Em anos de La Niña, o estado costuma sofrer com veranicos longos”, afirma.

Expansão do milho

No Rio Grande do Sul, a área com cultivo de milho cresceu. Serão quase 900 mil hectares dedicados ao cereal nessa safra, 77 mil ha a mais do que no ciclo passado. Nas lavouras já semeadas, nas quais o milho está em estado vegetativo (80%), floração (20%) e enchimento de grãos (10%), produtores estão deslumbrados com a qualidade das plantas.

Em Cruz Alta, o produtor Ajadir Machiavelli plantou 650 hectares de milho, 150 a mais do que na safra passada. Ele espera colher 160 sacas por ha. “O clima colaborou, mais algumas chuvas e não teremos mais preocupação”, conta. O estado gaúcho espera colher 5,1 milhões de toneladas nesta temporada.

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