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Safras reduz previsão de colheita de café do Brasil; vê lentidão nas vendas

Os problemas de granação resultaram em uma peneira mais miúda, que levou a uma quebra de renda


A consultoria Safras & Mercado revisou a estimativa da produção brasileira de café na temporada 2017/18 para 50,45 milhões de sacas de 60 quilos, ante 51,1 milhões na projeção anterior, destacando ainda um atraso na comercialização ante o ano passado, com produtores segurando as vendas à espera de melhores preços. Com a revisão para baixo na estimativa de produção, agora a Safras indica uma queda na colheita do maior produtor global de 10 por cento ante a temporada passada (2016/17), apontada em 55,75 milhões de sacas.

“Os problemas de granação resultaram em uma peneira mais miúda, que levou a uma quebra de renda. O Sul e o Cerrado de Minas e a Mogiana em São Paulo foram as regiões mais afetadas”, disse consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach. Ele ressaltou que o grãos colhidos neste ano no Sul de Minas, principal região produtora do país, ficaram menores na comparação com a média história.

Normalmente, disse ele, o percentual normal de peneira graúda gira em torno de 30 por cento do lote, mas em 2017 ficou entre 20 a 25 por cento. “Lógico que isso impacta a produção final”, afirmou em nota.

A Safras revisou para baixo o seu número de safra de arábica, passando de 39,60 milhões para 38,80 milhões de sacas. A queda no arábica foi parcialmente compensada pela revisão para cima no conilon (robusta), que passou de 11,50 milhões para 11,65 milhões de sacas.

Barabach observou que a queda de 10 por cento da safra em relação à temporada passada reforça o sinal de aperto na oferta e projeta estoques muito baixos ao final da temporada, “o que tende a suavizar as investidas de baixa nas cotações internacionais”. A safra menor que a esperada tem se refletido há alguns meses em embarques menores do maior exportador global, o que levou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) a estimar uma exportação no ano civil de 2017 entre 30 milhões e 31 milhões de sacas, volume bem abaixo das exportações de temporada recentes, que atingiram um recorde de cerca de 37 milhões de sacas em 2015.

COMERCIALIZAÇÃO

A comercialização da safra de café do Brasil 2017/18 (julho/junho) chegou a 60 por cento do total projetado da safra até o dia 14 de novembro, segundo levantamento da consultoria. No último mês, a comercialização avançou em sete pontos percentuais, mas as vendas estão atrasadas em relação ao ano passado, quando 68 por cento da safra 2016/17 estava comercializada até então.

Com isso, já foram comercializadas 30 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de 50,45 milhões de sacas. Segundo o consultor Barabach, o ritmo segue moroso na comercialização.

“Alguns operadores ainda se surpreendem com a capacidade do produtor em segurar o café. Ao que tudo indica, os produtores estão mais capitalizados do que se esperava”, disse ele. Isso se reflete em diferenciais firmes na exportação e em um fluxo comercial mais compassado, reforçou o analista.

“Eles (produtores) até aproveitaram o dólar mais alto para fechar alguma posição, mas em volumes pequenos. A grande maioria prefere segurar os cafés melhores, apostando no potencial de alta de uma safra aquém do esperado.” A comercialização, porém, está à frente da média dos últimos cinco anos, que é de 58 por cento para esta época.

A queda de braço entre compra e venda deve ficar ainda mais acirrada com o andamento da entressafra, opinou o consultor. Por enquanto, o operador externo mostra pouca sensibilidade tanto em relação ao aperto atual como também em relação aos temores produtivos em torno da próxima safra nacional, concluiu a Safras. 

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