Depois de nota técnica da Aprosoja, que traz instruções ao produtor que optar pela prática, CDSV quer proibir cultivo
Mato Grosso deverá ser mais uma vez pioneiro nas discussões relativas à fitossanidade da lavoura e deverá impor uma nova ordem sobre as práticas de cultivo de soja, como fez em 2005, quando implantou o Vazio Sanitário, logo adotado por outros estados. Dessa vez, a tônica de uma reunião convocada pela Comissão de Defesa Sanitária e Vegetal (CDSV), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Mato Grosso, pretende, por meio do debate científico, proibir o cultivo da soja como opção de segunda safra no Estado. Especialistas estarão reunidos na próxima segunda-feira (18), na Superintendência Federal de Agricultura do Mapa, em Várzea Grande.
Neste ano, a opção da oleaginosa como cultivo de segunda época ganhou espaço recorde de norte a sul de Mato Grosso e segundo as autoridades sanitárias a sojinha – como também é chamada a segunda safra – vem aumentando a pressão de pragas e doenças que geram cada vez mais custos e menor rendimento, como aponta o coordenador da CDSV e fiscal do Mapa no Estado, Wanderlei Dias Guerra.
Há poucas semanas, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) aprovou uma nota técnica relativa à safrinha de soja. Segundo a entidade, o posicionamento só veio após ouvir e debater o tema com organizações como Fundação Mato Grosso e Embrapa Soja. Em linhas gerais, a associação orienta aos produtores que optarem por essa sucessão que tenham obrigatoriamente o acompanhamento de um profissional habilitado, com recolhimento Anotação de Responsabilidade Técnica (ATR). “A tomada de decisão é do produtor, mas deve ser feita com consciência e responsabilidade, respeitando as medidas fitossanitárias obrigatórias”, orienta o diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas. O plantio sucessivo pode ampliar o risco de problemas fitossanitários como ferrugem, nematoídes e pragas como percevejos e lagartas. Dados ainda preliminares apontam que nesta safra a área com safrinha de soja totalizou cerca de 100 mil hectares em Mato Grosso.
Para Dias Guerra, o plantio sucessivo é uma irresponsabilidade em função das conseqüências que podem decorrer da prática, a principal, além da maior pressão de pragas e doenças, está no uso exagerado de defensivos, que além de serem usados sem qualquer discriminação na maioria das vezes na tentativa de conter doenças como a ferrugem asiática, por exemplo, faz com que o uso intensivo dos químicos tire a eficiência deles a cada ano.
“Alguns produtores de Mato Grosso e de outros estados, preocupados com as possíveis restrições do plantio de soja sobre soja, a safrinha, necessitam de esclarecimentos. Com eles, que não conhecem a ciência agronômica, temos o compromisso ético de sermos claros, enfáticos, sobre as desastrosas consequências da soja safrinha, sobretudo por não termos tecnologias adequadas que suportem tal prática. Os fungicidas estão perdendo a eficiência rapidamente e não temos cultivares resistentes à ferrugem. Além disso, os nematóides irão aumentar drasticamente as populações, com conseqüentes reduções de produtividade nas safras seguintes”. Como frisa, a safrinha de soja não é sustentável, nem do ponto de vista financeiro, e muito menos do ponto de vista sanitário e ambiental. “Quem aderiu a esse cultivo neste ano e contabiliza resultado bom, do ponto de vista financeiro, não terá o mesmo retorno nas próximas safras. Isso é certo”.
Conforme Dias Guerra, a nota técnica da Aprosoja/MT não encerra a polêmica, pelo contrário, “só agrava a situação, pois confundiu o produtor. Estamos alertando sobre isso há pelo menos dois anos. Eu pessoalmente tenho acompanhado a situação no campo, por todo Estado, bem como ensaios. Vamos reabrir a discussão sobre soja safrinha, a Aprosoja/MT não regulamentou a questão. Na segunda-feira estaremos apresentando o fechamento dos ensaios de rede, pesquisas feitas em todo o Brasil visando testar a eficiência dos fungicidas, coordenado pela Embrapa soja, pela pesquisadora Claudia Godoy. Tudo que temos e sabemos mostra que a situação vem se agravando a cada ano, estamos perdendo as poucas moléculas de defensivos que ainda tem tido boa eficiência”.
HISTÓRICO – Em 2005, CDSV e o Indea/MT, emitiram uma Recomendação Técnica Conjunta para que os produtores não plantassem soja em determinado período, hoje conhecido como Vazio Sanitário, que vai de 15 de junho a 15 de setembro. “À época a maioria dos produtores, em especial os irrigantes, foi contra. A definição do vazio sanitário ocorreu depois de uma reunião histórica da Comissão. Já que a Recomendação Técnica Conjunta para entressafra de 2005 não foi respeitada, regulamentamos o vazio, dentro de respaldos científicos e que virou um período proibitivo e com sanções. O mesmo deve ocorrer com a sojinha, já que ninguém está levando em conta os argumentos científicos”, argumenta Dias Guerra.
Mato Grosso deverá ser mais uma vez pioneiro nas discussões relativas à fitossanidade da lavoura e deverá impor uma nova ordem sobre as práticas de cultivo de soja, como fez em 2005, quando implantou o Vazio Sanitário, logo adotado por outros estados. Dessa vez, a tônica de uma reunião convocada pela Comissão de Defesa Sanitária e Vegetal (CDSV), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Mato Grosso, pretende, por meio do debate científico, proibir o cultivo da soja como opção de segunda safra no Estado. Especialistas estarão reunidos na próxima segunda-feira (18), na Superintendência Federal de Agricultura do Mapa, em Várzea Grande.
Neste ano, a opção da oleaginosa como cultivo de segunda época ganhou espaço recorde de norte a sul de Mato Grosso e segundo as autoridades sanitárias a sojinha – como também é chamada a segunda safra – vem aumentando a pressão de pragas e doenças que geram cada vez mais custos e menor rendimento, como aponta o coordenador da CDSV e fiscal do Mapa no Estado, Wanderlei Dias Guerra.
Há poucas semanas, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) aprovou uma nota técnica relativa à safrinha de soja. Segundo a entidade, o posicionamento só veio após ouvir e debater o tema com organizações como Fundação Mato Grosso e Embrapa Soja. Em linhas gerais, a associação orienta aos produtores que optarem por essa sucessão que tenham obrigatoriamente o acompanhamento de um profissional habilitado, com recolhimento Anotação de Responsabilidade Técnica (ATR). “A tomada de decisão é do produtor, mas deve ser feita com consciência e responsabilidade, respeitando as medidas fitossanitárias obrigatórias”, orienta o diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas. O plantio sucessivo pode ampliar o risco de problemas fitossanitários como ferrugem, nematoídes e pragas como percevejos e lagartas. Dados ainda preliminares apontam que nesta safra a área com safrinha de soja totalizou cerca de 100 mil hectares em Mato Grosso.
Para Dias Guerra, o plantio sucessivo é uma irresponsabilidade em função das conseqüências que podem decorrer da prática, a principal, além da maior pressão de pragas e doenças, está no uso exagerado de defensivos, que além de serem usados sem qualquer discriminação na maioria das vezes na tentativa de conter doenças como a ferrugem asiática, por exemplo, faz com que o uso intensivo dos químicos tire a eficiência deles a cada ano.
“Alguns produtores de Mato Grosso e de outros estados, preocupados com as possíveis restrições do plantio de soja sobre soja, a safrinha, necessitam de esclarecimentos. Com eles, que não conhecem a ciência agronômica, temos o compromisso ético de sermos claros, enfáticos, sobre as desastrosas consequências da soja safrinha, sobretudo por não termos tecnologias adequadas que suportem tal prática. Os fungicidas estão perdendo a eficiência rapidamente e não temos cultivares resistentes à ferrugem. Além disso, os nematóides irão aumentar drasticamente as populações, com conseqüentes reduções de produtividade nas safras seguintes”. Como frisa, a safrinha de soja não é sustentável, nem do ponto de vista financeiro, e muito menos do ponto de vista sanitário e ambiental. “Quem aderiu a esse cultivo neste ano e contabiliza resultado bom, do ponto de vista financeiro, não terá o mesmo retorno nas próximas safras. Isso é certo”.
Conforme Dias Guerra, a nota técnica da Aprosoja/MT não encerra a polêmica, pelo contrário, “só agrava a situação, pois confundiu o produtor. Estamos alertando sobre isso há pelo menos dois anos. Eu pessoalmente tenho acompanhado a situação no campo, por todo Estado, bem como ensaios. Vamos reabrir a discussão sobre soja safrinha, a Aprosoja/MT não regulamentou a questão. Na segunda-feira estaremos apresentando o fechamento dos ensaios de rede, pesquisas feitas em todo o Brasil visando testar a eficiência dos fungicidas, coordenado pela Embrapa soja, pela pesquisadora Claudia Godoy. Tudo que temos e sabemos mostra que a situação vem se agravando a cada ano, estamos perdendo as poucas moléculas de defensivos que ainda tem tido boa eficiência”.
HISTÓRICO – Em 2005, CDSV e o Indea/MT, emitiram uma Recomendação Técnica Conjunta para que os produtores não plantassem soja em determinado período, hoje conhecido como Vazio Sanitário, que vai de 15 de junho a 15 de setembro. “À época a maioria dos produtores, em especial os irrigantes, foi contra. A definição do vazio sanitário ocorreu depois de uma reunião histórica da Comissão. Já que a Recomendação Técnica Conjunta para entressafra de 2005 não foi respeitada, regulamentamos o vazio, dentro de respaldos científicos e que virou um período proibitivo e com sanções. O mesmo deve ocorrer com a sojinha, já que ninguém está levando em conta os argumentos científicos”, argumenta Dias Guerra.