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Saldo comercial do Brasil será menor neste ano com alta das importações

Em 2017, balança bateu recorde ao alcançar superávit de US$ 67 bilhões, maior resultado desde 1989


O saldo da balança comercial de 2018 deve ser menor do que o resultado recorde de 2017, mas por “bons motivos”. Segundo especialistas, a expansão do consumo das famílias puxará o crescimento das importações pelo Brasil.

No ano passado, o superávit comercial do País foi de US$ 67 bilhões, melhor resultado da série histórica iniciada em 1989, de acordo com relatório do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), divulgado ontem. Segundo analistas do mercado ouvidos pelo Banco Central (BC), a balança deve ficar positiva em US$ 52,50 bilhões ao final de 2018.

Esta projeção está em linha com a estimativa do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que espera saldo comercial de US$ 50,341 bilhões, e com a previsão do coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero, que calcula exportações acima das importações em US$ 50 bilhões.

Para Balistiero, o saldo mais baixo não significa necessariamente um resultado ruim. “Nós teremos um superávit menor provocado por um fator positivo, que é a aceleração do crescimento econômico”, comenta Balistiero, destacando que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 será impulsionada pelo aumento dos gastos das famílias.

“Com o consumo em alta, é natural, no caso do Brasil, que o volume das importações suba neste ano, reduzindo o saldo o comercial”, acrescenta Balistiero. Segundo o Mdic, as compras do País avançaram 10,5% em 2017 ante 2016, para US$ 150,7 bilhões, enquanto as vendas externas aumentaram 18,5%, a US$ 217,7 bilhões.

Balistiero avalia que a expectativa de um saldo comercial menor neste ano também se explica pela “não repetição” de fatores que impulsionaram fortemente as exportações no ano passado, como a super safra de grãos no primeiro trimestre e a alta dos preços internacionais das commodities minerais e agrícolas.

O ministro do Mdic, Marcos Pereira, chegou a destacar ontem que o “bom resultado” das exportações em 2017 está relacionado a uma recuperação nos preços dos principais itens exportados pelo País. Na média, o preço das exportações subiu 10,1% em relação a 2016, ano marcado pela queda nos preços de produtos como soja, minério de ferro e petróleo bruto. De acordo com o Mdic, o preço médio do minério de ferro teve alta de 40,9% em 2017 em relação a 2016. Já no caso do petróleo, este aumento foi de 32,2%, enquanto na celulose e no açúcar, de 11,3% e 10,7%, respectivamente.

Já para este ano, afirma Balistiero, a expectativa é que os preços das commodities, especialmente no caso do minério de ferro, fiquem estáveis neste ano. “Em 2017, as exportações foram puxadas por volume e por preço. Já em 2018, as vendas serão impulsionadas mais por volume”, destaca ele.

Investimento direto
Mesmo em um patamar mais baixo, a balança comercial ajudará o setor externo a manter um desempenho favorável neste ano. Para Balistiero, a entrada de investimento direto no País (IDP) em 2017 foi fundamental para manter a estabilidade do câmbio.

O mercado projeta IDP de US$ 80 bilhões para 2017, contra US$ 78 bilhões em 2016. Enquanto em 2018, a expectativa é de ingresso igualmente em US$ 80 bilhões. Para Balistiero, os riscos cambiais para este ano estão relacionados com as eleições gerais no Brasil ao final do ano, pois, segundo ele, muitos fatores relevantes no cenário internacional já estão precificados, como o aumento dos juros norte-americanos pelo Federal Reserve (Fed) e a desaceleração do crescimento chinês. Segundo o especialista do IMT, um candidato à Presidência que seja anti-reformas, especialmente no caso da Previdência, pode prejudicar o ingresso de IDP.

Outros dados do Mdic mostram que somente no mês de dezembro o saldo comercial ficou positivo em US$ 4,998 bilhões. As exportações somaram US$ 17,595 bilhões, e as importações, US$ 12,598 bilhões. Pereira ressaltou que, em 2017, as exportações registraram crescimento pela primeira vez em cinco anos. Já as importações aumentaram pela primeira vez depois de três anos consecutivos de queda. Segundo o ministro, os dados indicam a retomada do crescimento econômico do País.

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