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Santa Catarina prevê crescimento dos vinhos finos

Redução da cobrança de ICMS, de 25% para 3%, é considerada um alento para o setor. Produção, ainda incipiente no estado, poderá crescer até 1.000% nos próximos anos


Os produtores catarinenses de vinhos finostêm ido trabalhar mais felizes desde sexta-feira da semana passada. Foi neste dia que o governador Luiz Henrique da Silveira assinou, em Campos Novos, um decreto que reduz de 25% para 3% a alíquota de ICMS cobrada sobre o vinho fino produzido no estado. "É uma medida excepcional, um alento para o setor", afirma Maurício Grando, presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavitis). Vinhos finos são aqueles produzidos a partir de uvas viníferas, e não uvas comuns - conhecidas como híbridas ou americanas (dos tipos Niágara, Isabel e Bordeaux, por exemplo).

Segundo Grando, o governador do estado percebeu que existem vários projetos de qualidade sendo desenvolvidos em Santa Catarina, e que os pesados investimentos estão exigindo um tempo de retorno maior que o esperado. Atualmente, diz Grando, apenas dez vinícolas produzem vinhos finos na região, número que poderá chegar a 80 nos próximos anos. "O que o governo estadual vai perder de arrecadação [em função da redução do imposto] será compensado com o aumento do enoturismo, com a hotelaria e, é claro, com o próprio aumento das vendas de vinhos finos", explica Grando, que também é diretor da vinícola Villaggio Grando, localizada em Água Doce.

Até o começo desta década, Santa Catarina produzia basicamente vinhos comuns, realidade que agora é diferente. Cerca de 8% da cadeia vinícola estadual já está nas mãos dos vinhos finos. "Estes vinhos catarinenses são os mais comentados e elogiados pelas revistas especializadas", garante Grando. O presidente da Acavitis diz que a redução do ICMS ajudará a reduzir o custo final dos produtos, que têm sofrido com a concorrência de "vinhos de baixa qualidade" importados da Argentina e do Chile.

Os produtores de vinhos finos do estado foram responsáveis por cerca de 600 mil garrafas em 2008. Este ano, o número deverá ser de 1,3 milhão e, para 2010, a estimativa é de superar a marca das 2,2 milhões de garrafas. Os números ainda são pequenos quando comparados à capacidade do Rio Grande do Sul, por exemplo, que oscila anualmente entre 40 milhões e 50 milhões de garrafas, de acordo com Grando. A continuar nesse ritmo, o empresário acredita ser possível que, dentro de cinco a dez anos, Santa Catarina chegue às 20 milhões de garrafas por ano. "É importante destacar que o Rio Grande do Sul produz vinhos finos há mais de 100 anos, e nós estamos recém começando", observa Grando.

O presidente da Acavitis lembra também que o governo do Paraná já havia reduzido a zero o ICMS do setor, temendo a paralisação de investimentos. No Rio Grande do Sul, a cobrança baixou de 17% para 12%. Agora, a iniciativa do governo catarinense pode atrair produtores gaúchos. Para Grando, no entanto, a grande atratividade está mesmo é no terroir da região de altitude de Santa Catarina. "Está sendo descoberto um dos melhores lugares do mundo para plantar. Em nossa época de colheita - entre março e maio - não chove", observa, lembrando que em janeiro e fevereiro, quando geralmente são feitas as colheitas em outros estados, as chuvas costumam prejudicar os produtores.

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