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Seca desespera produtores em Sertanópolis (PR)

Agricultores já estão gradiando o terreno: perdas na ordem dos 70%


A produção de milho safrinha no Vale do Paranapanema está quase totalmente comprometida pela seca. Desesperados, alguns agricultores já estão até gradiando a terra para arriscar um plantio de inverno.

É o caso do produtor Silvio Hoffman Filho, de Sertanópolis (40 km ao norte de Londrina), que perdeu 70 hectares de milho e está se preparando para plantar aveia.

O agrônomo Ronaldo de Souza Pescador também perdeu 70 hectares de milho na região de Paranagi, próximo a Sertaneja (63 km ao norte de Cornélio Procópio) e está prestes a perder mais 30 hectares em Sertanópolis. ""Ainda não sei o que vou fazer, mas não posso deixar a terra ociosa"", declara.

Pescador calcula um prejuízo de cerca de R$ 100 mil para cobrir os custos de produção nos 100 hectares. ""O lucro obtido com a soja vou ter que usar para pagar a safra de verão no fim deste mês, mas os custos da safrinha ainda não sei como vou pagar"", diz.

Segundo ele, o plantio do milho foi feito com recursos próprios. ""As revendas agrícolas facilitaram a compra dos insumos, prorrogando o prazo de pagamento para o final de setembro"", completa.

O técnico agrícola Adílson Seti, que trabalha em uma loja de insumos em Sertanópolis, afirma que não chove regularmente na região há 60 dias e que a estimativa é de que 60% da área plantada com milho safrinha já tenha sido perdida.

""Quando chove um pouco, as plantas começam a brotar, mas logo morrem com a falta de umidade. Além disso, o sol quente tem comprometido a ação dos venenos usados no combate à lagarta"", aponta.

De acordo com Seti, alguns produtores chegaram até a comprar a semente, mas resolveram devolver à loja para não correr risco com o milho.

""Enquanto não chover bem também não dá para plantar o trigo, porque as chuvas inconstantes molham apenas a superfície da terra, limitando a produtividade da lavoura"", alerta.

Em Primeiro de Maio (61 km ao norte de Londrina), cerca de 30% dos produtores ainda estão esperando para decidir o que plantar, já que apenas 5% da área agrícola do município é destinada ao cultivo do trigo no inverno.

""Quem plantou em fevereiro, ainda tem uma chance, mas o milho mais tardio está judiado"", analisa Augusto Edson Evangelista, agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Para o técnico Adílson Seti, o clima tem sido o grande inimigo dos agricultores do Vale do Paranapanema nos últimos dois anos.

""A região possui baixa altitude e por isso é mais propícia ao cultivo do milho safrinha, que sofre menos incidência de geadas no inverno. Mas é exatamente a baixa altitude que compromete o índice pluviométrico dos municípios"", lamenta.

Segundo o meteorologista Lizandro Jacobsen, do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), não há previsão de chuvas generalizadas para a região Norte do Estado nos próximos dias.

""A frente fria que já chegou ao Sul do Paraná, vai demorar a atingir o Norte do Estado, onde deverão ocorrer apenas pancadas de chuvas decorrentes do calor neste fim de semana"", prevê.

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