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Seca deve comprometer abastecimento de café no mercado mundial

Mesmo com a chegada das chuvas já é possível começar a calcular as perdas que o longo período de estiagem causou no cinturão


O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, divulgou nota para esclarecer a atual situação do clima para as lavouras. Segundo ele, com a chegada das chuvas, ainda que de forma não satisfatória para reverter o déficit hídrico que assola as principais regiões produtoras de café no Brasil, já é possível começar a calcular as perdas que o longo período de estiagem no cinturão cafeeiro nacional causou.

Embasado em dados dos escritórios da Emater/MG e de cooperativas, fornecidos pela Universidade Federal de Lavras — UFLA, através de seu reitor, Antônio Nazareno Guimarães Mendes, assim como pelos números apresentados pelos associados, de que o Sul de Minas Gerais, por exemplo, produzirá, no máximo, 10 milhões de sacas de 60 kg no ciclo 2008/09.

Outra entidade a confirmar uma quebra deste porte para o Sul mineiro foi o Pólo de Excelência do Café, criado pelo governo do Estado. De acordo com o gerente técnico Edinaldo Abraão, esse volume de 10 milhões de sacas representa uma quebra aproximada de 30% em relação à perspectiva inicial de colheita, que era de 14 milhões de sacas antes da seca.

Levando em consideração a produção do Estado de Minas Gerais como um todo, os números apresentados permitem projetar uma safra de, no máximo, 20 milhões a 20,5 milhões de sacas. Já em termos nacionais, também com base em números fornecidos pelos associados, a colheita deverá ser similar a de 2006, quando o Brasil produziu um pouco mais de 42 milhões de sacas.

Além disso, esta estimativa nacional é válida somente se o clima se normalizar, se chover com regularidade, caso contrário a possibilidade de quebra de 30% é grande e a safra poderá ser de apenas 40 milhões de sacas. "Este volume é bastante lógico porque possuímos o mesmo parque cafeeiro e, apesar das plantas estarem mais descansadas em função da pequena safra anterior, elas enfrentaram essa intempérie climática muito grande", comenta Ximenes.

As lavouras mais novas, de primeira para segunda carga, as com tratos culturais deficientes e as situadas abaixo de 900 metros de altitude foram as que mais sofreram com a estiagem que assolou as principais regiões produtoras por quase dois meses. Em algumas localidades, essas plantas devem apresentar quebra de até 50%. Já as lavouras mais velhas foram menos afetadas. Mas, no geral, calculando-se a quebra média, é possível apontar um volume de 20% a 30% inferior à perspectiva, confirmando os números supramencionados.

"Com esse cenário de pouco mais de 42 milhões de sacas na safra 2008/09, passamos a nos preocupar com a possibilidade de não termos volume de café suficiente para atender a demanda internacional. Isso porque o consumo interno está previsto em 17 milhões de sacas pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) e, em 2006, nossas exportações ficaram em aproximadamente 29 milhões de sacas, de acordo com dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Dessa forma, recomendamos aos nossos cafeicultores que administrem bem a venda de sua safra, de maneira que obtenham um preço médio que possibilite a geração de caixa necessária para revitalizar as suas lavouras", finaliza.

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