CI

Seca é prejudicial à economia paulista

Seca prejudica agronegócio de São Paulo e do Sul de Minas Gerais



A mais forte estiagem dos últimos 84 anos e temperaturas acima da média no verão tiveram um grande impacto sobre a economia paulista neste ano. Este cenário não apenas reduziu o nível do sistema Cantareira, maior fonte de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, como também provocou outros reflexos: está baixando o nível da hidrovia Tietê-Paraná, dificultando o transporte por barcaças. Segundo estudo da Universidade de São Paulo (USP), uma seca como a atual só ocorre a cada 3.378 anos.

A seca teve efeito também sobre o agronegócio de São Paulo e do Sul de Minas Gerais. Na economia paulista, estima-se que pode haver uma queda de 20% da safra de culturas como café e soja neste ano. Levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas (Faemg), apontou, em abril, que o café se valorizou 63,94% nos três primeiros meses de 2014, puxando para cima os preços dos produtos agropecuários, que no geral subiram 18,27%. 

No setor de saneamento, foi tomada uma série de medidas para aliviar os impactos da estiagem. No início de fevereiro, a Sabesp anunciou desconto de 30% na conta de quem economizar, pelo menos, em 20% o consumo de água oriunda do sistema Cantareira, que fornece o insumo para casas de mais de oito milhões de moradores da Zona Norte, do Centro, pequena parte da Zona Leste de São Paulo e dez municípios da região metropolitana (Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul e parte das cidades de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André). O bônus, inicialmente adotado em 1º de fevereiro para os consumidores abastecidos pelo Sistema Cantareira, foi expandido para 31 municípios da Grande São Paulo em 1º de abril, beneficiando moradores atendidos por outros sistemas produtores.

Em 1º de maio, foi ampliado para mais 12 cidades da região Bragantina e da região metropolitana de Campinas. Além disso, a Sabesp passou a abastecer bairros que antes eram atendidos pelo Cantareira com água dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. Até o dia 27 de maio, 91% dos clientes abastecidos pelo Sistema Cantareira tinham reduzido o consumo. 

Outras medidas têm sido implementadas para reforçar a segurança hídrica. Em maio, foi iniciada a captação de águas da reserva técnica da represa Jaguari-Jacareí, que compõe o Sistema Cantareira, resultado de um investimento de R$ 80 milhões. A iniciativa colocará à disposição 200 bilhões de litros para a população paulista.  Com isso, o nível do Cantareira foi acrescido de 182,5 bilhões de litros de água. A reserva técnica é o volume que está abaixo do nível mínimo da estrutura de captação de água nas represas.  Para aproveitá-la, foram construídos dois canais, que somam 3,5 quilômetros de extensão. 

Foram também instaladas 17 bombas, cuja função é retirar o volume do fundo das represas e encaminhá-lo aos túneis, seguindo o trajeto normal até a Estação de Tratamento de Água Guaraú, na Zona Norte de São Paulo.  O volume da reserva técnica é formado pela mesma água do atual volume útil do sistema. A reserva técnica é utilizada pelas cidades da região de Campinas para abastecimento. Já a água desse volume é liberada das represas pelos rios que seguem até a região. 

A partir de setembro, o Sistema Rio Grande, em São Bernardo do Campo, terá a sua capacidade de produção aumentada em 500 litros por segundo. O sistema estará totalmente integrado e ajudará a abastecer áreas que atualmente são atendidas pelo Cantareira. Agora, a produção do Sistema Rio Grande é de 5 mil litros por segundo e atende parte da cidade de Santo André e os municípios de São Bernardo do Campo e Diadema. Com a ampliação, parte do bairro de Sapopemba, na Zona Leste da capital paulista, será abastecida pelo Rio Grande, "desafogando" os sistemas Cantareira e Rio Claro, segundo a Sabesp. 

Grande parte da água fornecida aos paulistas tem sua origem em Minas Gerais. De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene. No Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.