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Seca mato-grossense traduzida em números

Com a divulgação da primeira estimativa da safra de milho e algodão, MT avalia perdas para 2011


Com a divulgação da primeira estimativa da safra de milho e algodão, Mato Grosso avalia perdas para 2011

Os impactos da estiagem, que ainda traz transtornos à condução da nova safra mato-grossense de grãos e fibras, receberam na sexta-feira (5) os primeiros números que podem dimensionar o que será a nova temporada. Com o atraso na finalização do cultivo da soja, se espera uma redução na janela de plantio do milho e assim, recuo de cerca de 9% sobre a safrinha, que no País, é a maior na segunda safra do grão.

Na sexta-feira (5), o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) – divulgou a primeira estimativa de safra para o milho e algodão e mais uma da soja. Como destaca o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, por enquanto a nova temporada se mostra aquém do esperado em relação ao milho e à soja, ambos perdendo espaço em função da forte estiagem. Porém, há um fato positivo: as perspectivas ao algodão, que além de aproveitar o bom momento do mercado, deverá ter área incrementada em cerca de 27%, retornando as mesmas dimensões do que foi no ciclo 06/07 e 07/08.

Conforme Celidônio, a queda projetada para o milho safrinha ficou dentro das expectativas que apontavam para um recuo entre 8% e 10%. Por ser uma primeira estimativa de plantio, o superintendente aponta que os números podem sofrer alterações, já que o que está sendo considerado até o momento são os problemas decorrentes do atraso na semeadura. “Estão previstos problemas durante a colheita da soja em função das chuvas e se isso ocorrer a janela de plantio do milho ficará ainda mais estreita podendo reduzir a área ou produção”.

Para se chegar às estimativas, o Imea percorreu nos últimos dias os principais municípios produtores de Mato Grosso para mensurar se a área ora coberta com soja terá ciclo finalizado a tempo para o cultivo do milho. Janela de plantio, como dizem agrônomos, produtores e analistas, é o melhor de cultivo de uma determinada cultura, período em que as condições climáticas estão altamente favoráveis ao pleno desenvolvimento das lavouras. No caso do milho a janela vai até o dia 20 de fevereiro. Plantar depois disso é correr risco de perdas de produtividade. “Há quem plante até março mesmo sabendo do risco. Até lá, fatores mercadológicos dirão ao produtor se vale à pena, ou não, a ousadia do estresse hídrico”.

MILHO – Pelos números do Imea a safrinha estará 9,3% menor em relação à safra 09/10, mas, supera a temporada 08/09. A área coberta com o grão deverá somar 1,76 milhão de hectares (ha). No ciclo passado foram cultivados 1,94 milhão e na temporada anterior 1,67 milhão ha. Na comparação anual, a maior redução é vista na região nordeste que deverá passar de 76 mil ha para 58 mil. Já na maior produtora de milho, a médio norte, a área encolhe 12,7%, saindo de 964 mil ha para 841,50 mil.

“Do total cultivado com soja e com previsão de colheita a tempo para o plantio do milho temos hoje uma área de 1,76 milhão de hectares disponíveis ao cereal. Foi esta análise que o Imea fez in loco e é isso que vale na prática”, referenda Celidônio.

Na safra passada, por exemplo, dos 240 mil ha destinado à sojicultura em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), 64% receberam sementes de milho para a segunda safra. Para 2011 isso não será possível em função do atraso na semeadura da oleaginosa e das imposições da janela do milho. “O que se vê é o risco em dobro do milho, que além da iminência de perder espaço, pode ainda perder em produtividade, caso a janela não seja considerada”, sentencia o superintendente do Imea.

SOJA – Conforme a nova rodada de monitoramento da soja há recuo de 1,5% em relação aos números coletados pelo Imea no mês passado. A soja sofre com a forte estiagem observada no Estado desde agosto e com a concorrência do algodão. Com mercado favorável, muitos cotonicultores vão abri mão da 1ª safra com soja para fazer a da fibra. Dos 6,24 milhões ha estimados em setembro, passou a 6,14 milhões em outubro. Em relação à safra 09/10 a redução é de 1,1%. A produção na comparação anual sinaliza queda de 1,5%, de 18,72 milhões de toneladas para 18,44 milhões de toneladas e a produtividade, quando comparada com os números de setembro, segue inalterada com perspectiva de 3 mil quilos por hectare. Já na comparação com a safra anterior a projeção é de -0,8%.

ALGODÃO – Com preços mais rentáveis à pluma no mercado internacional, a cotonicultura deverá deixar para trás a marca de cultivar mais de 50% da produção em 2ª safra, optando pelo plantio a partir de dezembro. Nesta temporada o algodão de 1ª safra deverá ser responsável por até 58% da produção. A área deve passar de 419,25 mil ha para 534,87 mil, incremento de 27,6% sobre 09/10. Conforme Celidônio, os cotonicultores ainda estão cautelosos em relação ao tamanho da safra, “mas os números serão disso para mais”.

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