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Seca traz prejuízos aos pecuaristas do Mato Grosso

Além da perda de peso e dos prejuízos causados pelas queimadas, a reprodução também está atrasada


O longo período de estiagem que acometeu o Estado terá seus impactos na cadeia produtiva da carne pelos próximos 3 anos. Além da perda de peso do animal e dos prejuízos causados pelas queimadas, a reprodução também está atrasada. A chamada estação de monta, que geralmente ocorre no mês de setembro, ainda não foi iniciado porque os produtores aguardam pasto e a recuperação das fêmeas.

O diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Júlio Cezar Ferraz Rocha explica que os bezerros já eram para terem sido fecundados e devido à prorrogação não devem nascer entre junho e julho do ano que vem. Este atraso será percebido nos próximos 36 meses, quando estes animais seriam abatidos. "O período de estiagem este ano foi um dos piores e seus reflexos não serão superados tão rapidamente. A curto prazo vai faltar gado prontos para o abate e a longo prazo faltarão animais maduros".

O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidônio, confirma que a seca foi severa e está adiando a estação de monta. Além disso, o técnico diz que mesmo as fazendas que não adotam este calendário, geralmente programam o cruzamento para este período, o que também será atrasado. "A vaca, se não estiver com o corpo em boas condições e com gordura adequada, tem dificuldade de gerar a prenhez".

Por enquanto, o problema está na recuperação de peso do boi, que deve ter início nos próximos 2 meses, visto que mesmo com retomada das chuvas, o gado precisa ser retirado de campo para evitar a ingestão das gramíneas, alimento que causa problemas intestinais no animal. Depois que as chuvas começam a cair são mais 45 a 60 dias até que o boi volte a pastar normalmente", afirma Ferraz ao comentar ainda que a redução de 15% no confinamento em Mato Grosso também faz com que diminua a oferta neste período.

De acordo com o boletim do Imea, a escala de abate nas plantas frigoríficas foram reduzidas em até 0,4 dias no último mês, com mais impacto na região Norte do Estado. Ferraz afirma que a alta nos preços é fruto da escassez e não de uma possível barganha dos pecuaristas. "Há quem fale que estamos escondendo boi no pasto. Isso não existe, o produtor quer vender, mas falta animal disponível". Otávio Celidônio concorda que a alta no preço, comum na estiagem, atingiu este patamar em virtude do longo período sem chuvas.

A valorização da arroba chega a 5% entre setembro e outubro, sendo cotada por até R$ 85,93 na região Centro-Sul, o que fez com que as exportações registrem queda de até 42% no caso da Rússia e de 24% em relação ao comércio com o Oriente Médio de um mês para outro.

Frialto- Na próxima quinta-feira (21) credores do frigorífico Frialto se encontram com representantes da empresa para a primeira Assembleia Geral. Antes de apresentar contrapontos à proposta da indústria, a Acrimat afirma que vai analisar o parecer de um economista do Imea. O superintende da Acrimat, Luciano Vacari, explica que o profissional foi designado para evitar mais perdas aos pecuaristas. "Queremos saber se o plano apresentado é viável e se está dentro da realidade do Frialto".

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