CI

Seda para poucos, no cabide e na lavoura

Queda no consumo e concorrência chinesa provocam abandono da atividade no Paraná, líder na produção de bicho-da-seda


Queda no consumo e concorrência chinesa provocam abandono da atividade no Paraná, líder na produção de bicho-da-seda

Maior produtor nacional de bicho-da-seda, o Paraná vem reduzindo a atividade ano após ano na última década, mostram os números do setor. De um total de 6,5 mil produtores, restam cerca de 4,5 mil. As amoreiras cultivadas para alimentar as lagartas cobriam 21 mil hectares e agora somam apenas 11 mil. Perto de 2,3 mil do total de 7,3 mil barracões foram desativados.

Na capital nacional da seda, Nova Esperança – Norte do estado, a 40 quilômetros de Maringá –, problemas como a redução na oferta de emprego e a queda no faturamento do comércio local se agravam. Mesmo pequenos produtores estão desativando barracões para investir em culturas como a cana. A expectativa neste ano é de uma pequena reação, de 20%, na produção.

A produção estadual caiu de 12,3 mil para 5,5 mil toneladas de casulo verde entre 1998 e 2008, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e atualmente é estimada em 4,5 mil toneladas ao ano. O que para muitos é uma consequência natural da redução da demanda internacional e da concorrência chinesa, para outros não passa de timidez diante do mercado.

O Paraná não tem potencializado as oportunidades empreendedoras da seda, afirma o extensionista Oswaldo da Silva Pádua, do instituto Emater de Nova Espe­rança. Uma gravata de seda chega a custar R$ 500 em lojas de grifes. A sericicultura está em 229 dos 399 municípios do Paraná e é importante fonte de renda para a agricultura familiar.

Em uma década, Nova Esperan­ça reduziu a produção de 2,2 mil para 450 toneladas. A cana atinge 558 mil toneladas ao ano no município. Restam 380 agricultores fa­­mi­­liares na atividade, que contratam cerca de 1,2 mil trabalhadores, números ainda expressivos para o município de 26,5 mil habitantes.

Após 25 anos de atividade, Antonio José Zafalão, 61 anos, abandonou a sericicultura. “No começo minha esposa e meu filho ajudavam. Hoje ele está na cidade, foi buscar nova opção de vida”, explica. Ele cultiva atualmente mandioca e urucum (árvore que produz o colorau, usado como corante e condimento).

O preço do quilo de casulo na região está em R$ 7,5, valor considerado baixo pelos produtores. Na década de 80, um quilo de casulo dava para pagar a diária de um trabalhador rural, afirma Vivaldo Zaninello, 61 um anos, no setor desde aquela época. Em suas contas, o valor caiu a 20%.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.