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Seguro, crédito e zoneamento agrícola em pauta

Reunião ocorreu no dia 25 de novembro


Para produtores que precisam de recursos superiores ao teto da linha de juros subsidiados, foi sugerido a contratação de LCAs

Seguro rural, crédito e Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) foram as principais pautas de uma reunião conjunta das Comissões de Crédito Rural e de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), realizada no dia 25 de novembro, em Goiânia.

Confira os destaques:

Crédito agrícola

O gerente de Agronegócios do Banco do Brasil em Goiás, Giovanni Chaves, afirmou que a contratação de crédito para a safra de verão no Estado está praticamente concluída, graças às operações de pré-custeio iniciadas em fevereiro. Ademais, segundo ele, aproximadamente 70% dos contratos têm sido renovados automaticamente pelo banco, a partir de dados atualizados dos produtores.

Giovanni ressaltou o aumento para R$ 3 milhões do limite de crédito para a agricultura empresarial no Plano Safra 2016/17. “Se o produtor conseguiu contratar R$ 1,2 milhão no pré-custeio, por exemplo, pode captar mais R$ 1,8 milhão até o dia 31/12/2016, a depender de sua capacidade de pagamento”, explicou. E também lembrou que há R$ 600 milhões disponíveis para investimentos via FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste).

Para produtores que precisam de recursos superiores ao teto da linha de juros subsidiados (R$ 3 milhões), o gerente sugeriu a contratação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), emitidas pelo Banco do Brasil à taxa de 12,75% ao ano. O presidente da Comissão de Crédito Rural da Faeg, Alexandre Câmara, avaliou que essa pode ser uma boa alternativa para os produtores, pois os juros cobrados pelo banco estão menores do que normalmente paga-se nas operações de troca com as tradings, que tem girado em torno de 18% a.a.

Seguro rural

Giovanni Chaves, da gerência de Agronegócios do BB, informou ainda que em mais de 80% dos financiamentos de custeio antecipado foram contratadas apólices de seguro, sendo a maioria na modalidade faturamento, na qual há cobertura de riscos climáticos e de mercado.

Ao destacar a importância do seguro rural, Giovanni informou que 1.600 sinistros foram registrados em Goiás desde janeiro. Desse total, cerca de 100 foram indeferidos, porque o plantio ocorreu fora do período recomendado ou as cultivares não estavam inclusas no zoneamento da região. “Houve avanços no seguro, mas é preciso entender melhor como ele funciona. O agricultor está preocupado, quer continuar na atividade e, por isso, comprou a ideia do seguro”, afirmou Giovanni.

Do outro lado, produtores relataram que o banco “quer vender seguro a todo custo”, mas não esclarece para o cliente como essa ferramenta funciona. Inclusive, algumas agências estão fazendo “venda casada”, obrigando a aquisição de apólices para liberar financiamentos agrícolas.

O representante do BB garantiu que a contratação de seguro não é obrigatória e disse que os produtores devem informar essa prática à gerência de Agronegócios. Giovanni alertou que é possível escolher a porcentagem de cobertura das apólices e que é preciso fazer propostas para cada área, pois os contratos devem ser separados. Ainda segundo o gerente, o Banco do Brasil está emitindo seguro para áreas não financiadas pelo banco desde agosto de 2016.

Os membros da comissão informaram que muitos produtores de milho safrinha obtêm as apólices, pagam por elas, porém não conseguem realizar o plantio dentro da janela definida no zoneamento, que varia conforme o município, tipo de solo e de cultivar. O Coordenador do Programa Faeg Seguros, Leopoldo Marques, explicou que nestes casos o produtor pode cancelar o seguro, sendo ressarcido dos pagamentos realizados antecipadamente, descontados apenas um valor de pró-rata, referente à quantidade de dias em que sua área ficou segurada.

Por exemplo: se a previsão era plantar em 10 de fevereiro, mas houve atraso, e o produtor solicitou o cancelamento do seguro no dia 20 de fevereiro, ele terá de pagar um custo proporcional ao período de 10 dias em que a lavoura estaria protegida pelo seguro.

Zoneamento

O pesquisador em Agrometeorologia na Embrapa Arroz e Feijão, Silvando Carlos, explicou como é feito o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que estava sendo elaborado por uma empresa privada, mas em 2015 voltou à responsabilidade da Embrapa. Silvando afirmou que, desde então, essa ferramenta passou a ser aberta à participação e validação pelos técnicos, produtores e suas entidades.

Como o zoneamento considera variáveis como solo, planta, clima e atmosfera e suas relações, esclareceu Silvando, sua elaboração requer a análise de dados históricos. Por exemplo, para avaliar os níveis de precipitação pluviométrica são necessários pelo menos 15 anos de dados diários. Assim, o ZARC tem caráter científico e não pode ser alterado a qualquer momento.

Mapas apresentados por Silvando mostraram que a liberação do plantio de soja em Goiás antes de 1º de outubro, por exemplo, na última quinzena de setembro – demanda recorrente de produtores do Sudoeste goiano – não é viável, pois nessa época o volume de chuvas ainda é insuficiente para a semeadura e eleva significativamente os riscos de perdas produtivas. No caso do milho safrinha, o pesquisador da Embrapa demostrou que a demanda dos produtores rurais pela extensão do limite de plantio até o final de fevereiro – atualmente a janela encerra-se no dia 20 daquele mês – também incorre em riscos muitos elevados, o que dificulta o processo de alteração do zoneamento.

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