CI

Sementes, fertilizantes e defensivos e os efeitos da pandemia

Representantes de importantes empresas do setor discutiram o cenário do agronegócio com a Covid-19 e a nova safra


Foto: Pixabay

Sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas são o que garantem o andamento e sucesso de qualquer lavoura. Diante de uma safra recorde de mais de 250 milhões de toneladas de grãos os setores se reuniram em um webinar promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) para debater o que acontecerá com o agro e quais são as perspectivas com essa crise da Covid-19, nesta segunda-feira (11).

Os debatedores foram Douglas Ribeiro, diretor de marketing da Corteva Agriscience; Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil; e Lair Hanzen, presidente da Yara. A mediação foi de Marcello Brito, presidente da Abag.

Sementes: “vamos ter que mudar de rota”

De uns anos para cá, com a modernização da agricultura brasileira, a semente passou a ser mais do que insumo. Com tecnologia de tratamento garante não só melhores resultados como controle de pragas e doenças. Com uma safrinha em andamento, apesar de algumas interferências climáticas, o produtor já está pensando na semeadura da próxima safra, adquirindo os insumos necessários. “Estamos dizendo que o agro não para mas vamos precisar mudar essa rota porque nunca vivemos uma situação assim antes. Nós estamos preparados. Nos adaptamos à Covid-19,  preservando os colaboradores . Temos 30 mil hectares de produção de sementes”, destaca Douglas Ribeiro, diretor de marketing da Corteva Agriscience.

Ele destaca que uma preocupação neste momento é a adoção de novas tecnologias a lavoura seja no acesso do produtor a elas quanto às dificuldades de crédito e recursos.“O agro construiu sua história baseado em tecnologia. Nossas produtividades cresceram muito acima do que expandimos em área plantada. Isso se deve a um agricultor arrojado que aprendeu a manejar safras nesse mundo tropical construindo conhecimento com tecnologia. Em ano de crise isso pode ser mais difícil e, certamente, haverá diferenças entre setores de cultivo. Se eu pudesse dar uma dica é união e cooperativismo para o pequeno produtor”, diz.

Defensivos: “tudo está funcionando”

Fundada há menos de um ano a CropLife Brasil reúne quatro entidades que representam toda tecnologia vegetal e defensivos. São 21 empresas de biodefensivos e 14 empresas de sementes, além de  biotech. Christian Lohbauer, presidente da entidade, conta que no começo da pandemia no Brasil houve um esforço para que as autoridades reconhecessem o setor como atividade essencial para não travar a atividade agrícola. 

“Hoje de uma forma geral tudo segue funcionando. O alimento está garantido na mesa e as exportações seguem em ordem. Nossos desafios daqui pra frente incluem logística para que tudo siga operando; câmbio porque para importadores de insumos como matéria-prima de fertilizantes, por exemplo, isso impacta e, finalmente o crédito que deve receber atenção porque bancos retraíram e há dificuldade de fazer rodar a safra que vem, além da inadimplência que pode ocorrer já nesta safra”, completa.

Fertilizantes: “nosso desafio é fazer chegar na fazenda”

O fertilizante é um dos itens de maior peso de formação da lavoura. O Brasil importa cerca 80% de seus fertilizantes e depende de escoamento para regiões, quase nunca próximas dos portos. A previsão da Andav é de que esse processo não está prejudicado mas pode demorar mais do que o normal. Lair Hanzen, presidente da Yara, acredita que o Brasil vem se posicionando como um celeiro do mundo. “Num cenário projetado de 9 bilhões de pessoas não há nenhum país no mundo que tenha o que o Brasil tem em terra, água e clima para suprir isso. O fertilizante vem assumindo papel na lavoura e, combinado com a valorização do dólar,  deu uma posição boa para o produtor de grãos com paridades de trocas não vistas nos últimos 10 anos e por isso ele já olha para a próxima safra e para outras mais adiante”, comenta.

Hanzen avalia que ainda há muito adubo que precisa chegar ao país e o maior desafio será escoar o produto até a fazenda. Aliado a isso alguns cultivos sofreram mais neste ano. A cana-de-açúcar foi impactada pelo preço do petróleo, algodão tem dificuldades e HF e flores vivem uma crise pela dificuldade em chegar ao consumidor. Aliado a isso a estiagem no Rio Grande do Sul reduziu a produtividade de grãos acima de 30%. “O recado é jogue um pouco mais seguro para evitar impactos. Dentro da porteira temos muita eficiência. Não tenho preocupação com o plantio da nova safra mas com o pós –safra, o que vai acontecer ainda com a pandemia”, reforça.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.