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Sementes de caju para o Banco Genético são transportadas pela FAB

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou 150 quilos de sementes de caju, que saíram de Fortaleza (CE) para Brasília (DF)


Foto: Divulgação

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou, no último fim de semana, 150 quilos de sementes de caju, que saíram de Fortaleza (CE) para Brasília (DF). Esta não é uma bagagem comum neste tipo de avião. As sementes representam 76 acessos do Banco Ativo de Germoplasma de Cajueiro (BAG Caju), localizado na Embrapa Agroindústria Tropical, e que serão conservados nas câmaras frias do Banco Genético da Embrapa, na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A curadora do BAG Caju, a pesquisadora Ana Cecília Ribeiro de Castro, explica que o envio é parte do esforço para conservação em longo prazo da cópia de segurança do BAG Caju.

Para a cientista, a guarda do material no Banco Genético da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é importante, principalmente, para mitigar a perda da base genética do cajueiro, além de ser uma ação de segurança alimentar, para a população e gerações futuras. "Trata-se de uma espécie resiliente ao estresse hídrico e adaptada às mudanças climáticas, e dela tudo se aproveita”, diz.

Segundo a pesquisadora, até agora os envios eram feitos em remessas muito pequenas, aproveitando viagens de colegas, por conta do alto custo e da dificuldade de transporte. Para solucionar o problema, o responsável pela qualidade do BAG Caju, Cláudio Torres, solicitou e obteve autorização do Ministério da Defesa para envio da carga, considerada estratégica por se tratar de patrimônio genético do Brasil.

“O Estado-Maior da Aeronáutica permite que instituições públicas aproveitem voos de carga para fins estratégicos. A remessa ocorreu em dois voos de aproveitamento, com o apoio do coronel Lins, do tenente-coronel Celino e do major Lacerda”, informou Torres. Ele salienta a dificuldade de se despachar este tipo de material em companhias aéreas, principalmente diante da realidade atual de restrição de gastos. A ideia é fazer pelo menos uma remessa anual com o auxílio da FAB.

A chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Cléria Inglis, foi à Base Aérea de Brasília para buscar as sementes, que serão conservadas a 18 graus negativos, da mesma forma que outras 120 mil amostras conservadas no banco. Essa técnica garante a viabilidade das sementes por centenas de anos. O pesquisador Juliano Pádua, curador do Banco Genético, acompanhou a gestora.

Pádua afirmou que o apoio da FAB é de grande importância, principalmente pela redução de custos e agilidade do transporte. Para os próximos anos, existe uma previsão de recebimento de aproximadamente 50 mil acessos de vegetais no Banco Genético. “Espero que a FAB possa nos auxiliar nesses futuros recebimentos, contribuindo para a conservação da agrobiodiversidade brasileira”, comentou.

A comitiva de pesquisadores foi recebida na Base Aérea pelo tenente Carvalho, que afirmou não imaginar que o transporte - que para eles é o serviço do dia a dia - seria para uma ação tão nobre: conservar sementes para o futuro da alimentação. “Sabendo do legado desse material, dá uma alegria muito grande na gente. Uma missão como essa renova a nossa alegria no trabalho, por estar prestando apoio ao País e à segurança alimentar”, afirmou o tenente.

“Ficamos tranquilos com esse transporte, pois sabíamos que as sementes estavam sendo conduzidas com cuidado e segurança”, afirmou Inglis.

Banco Genético

O banco genético - ou coleção de base, como é conhecido no meio científico - situado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebe amostras de todas as espécies vegetais de todos os bancos mantidos pela Embrapa.

Cada material a ser conservado exige condições diferenciadas. As sementes são depositadas em câmaras frias a 18 ºC abaixo de zero, onde podem permanecer por centenas de anos. Para as espécies que não produzem sementes e que toleram secagem e congelamento, utiliza-se a conservação in vitro em condições de crescimento lento ou a criopreservação, em nitrogênio líquido a 196 graus negativos.

Os recursos genéticos de microrganismos são mantidos em condições criogênicas (-196 ºC), liofilizados e em ambiente refrigerado.

O Banco Genético também conserva sêmen, embriões, DNA e tecidos de animais, como caprinos, ovinos bovinos e peixes.

Segundo Pádua, o banco conta com mais de 120 mil acessos de 1.018 espécies vegetais, 100 mil amostras de sêmen, 884 embriões animais e mais de 7 mil linhagens de microrganismos. Todo esse material tem origemte nos núcleos de conservação, bancos e coleções de germoplasma das UDs.

BAG Caju

O Banco de Germoplasma de Cajueiro é o maior e mais antigo banco da espécie e tem como objetivo conservar, caracterizar, documentar e intercambiar o germoplasma do cajueiro. É formado por amostras coletadas em todo o Brasil, em especial no Nordeste, que corresponde ao centro de origem e diversidade da espécie.

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