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Seminário da Uva Orgânica reúne centenas de produtores em São Jorge

Evento reuniu cerca de 400 pessoas



A discussão de temas atuais, como a legislação do vinho colonial, o mercado dos vinhos e sucos orgânicos e a relação entre alimentação e saúde marcaram a programação do 7º Seminário Regional da Uva Orgânica, em São Jorge, na sexta-feira (11.07). O evento reuniu cerca de 400 pessoas, de diversas regiões do estado, no Clube Cultural, e contou também com a presença do diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus, do prefeito de São Jorge, Ilton Nunes Abraão, e do coordenador de Centro Ecológico de Ipê, Luiz Carlos Rupp.

Para o diretor técnico da Emater/RS, este é um evento que faz a diferença para os produtores, tanto pela qualidade das palestras e temas tratados, como pela oportunidade de conhecer experiências e práticas a campo, em uma área que tem tudo a ver com a agricultura familiar, que é o cultivo de uva baseado em um modelo sustentável. 

Na Serra gaúcha, 234 famílias trabalham com o cultivo orgânico de uvas, totalizando uma área de 672 hectares. Destes, 458 hectares são certificados, 123 hectares estão em processo de conversão e 91 hectares em implantação. A produção fica entre 7 e 8 milhões de quilos, principalmente das variedades bordô e isabel, sendo que 99% é destinada para a produção de suco. A remuneração pelo produto orgânico chega a ser 60% superior ao preço de tabela. Conforme o jornalista Carlos Paviani, do Ibravin, a produção de uvas e o mercado de vinhos e sucos orgânicos vêm crescendo nos últimos anos e tende a continuar em expansão, atendendo à demanda por produtos mais saudáveis e nutritivos. 

Para a agrônoma Maria José Guazelli, do Centro Ecológico de Ipê, que falou sobre saúde na alimentação, as novas tecnologias apontadas como a solução para a fome no mundo, afetam a qualidade dos alimentos e causam problemas de saúde, como a obesidade e a subnutrição, entre outros. Segundo ela, na ânsia pelo lucro e pelo controle da cadeia alimentícia por grandes empresas, novas tecnologias são desenvolvidas e liberadas para uso com pouco cuidado. Tecnologias como agrotóxicos, transgênicos, nanotecnologia, sementes terminator, biologia sintética e geongenharia, ameaçam não só a saúde das pessoas, mas a própria sobrevivência dos agricultores, pois causam a dependência de insumos externos, afetam o meio ambiente e podem acabar com o mercado de determinados produtos. 

Outro tema tratado no Seminário foi o projeto de resgate e valorização dos vinhos coloniais, desenvolvido pela Emater/RS-Ascar de Bento Gonçalves, em parceira com outras entidades, com 82 famílias do município. Dentro do projeto, foram trabalhados desde a adubação e poda da videira até a avaliação dos vinhos produzidos e sua inserção em eventos gastronômicos. Esse trabalho revelou a necessidade de uma legislação que amparasse essa produção colonial, visando à inclusão produtiva dos produtores que estão à margem da lei. 

Como já havia dois projetos de lei sobre o assunto, ambos acabaram gerando um novo projeto, que foi para o Senado e deu origem à Lei 12.959, de 19/03/2014. Essa lei se destina a produtores que produzem até 20 mil litros por ano, utilizam no mínimo 70% de matéria-prima própria, vendem exclusivamente em alguns canais de comercialização e estão vinculados a todas as regras do Pronaf. 

Para o agrônomo da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann, há vantagens, mas também a necessidade de corrigir alguns problemas, que continuam dificultando a legalização, como a questão da tributação. ?O problema é que o que vale para o grande produtor, também vale para o pequeno. Para legalizar, hoje o produtor tem que criar uma empresa (CNPJ), e o que se quer é que ele possa fazer o registro com CPF e vender o seu produto com talão do produtor, em espaços diferenciados?, diz. 

Durante à tarde, houve o relato de experiência de produção de uva orgânica no município, feito pelo agricultor Pedro Ramos e pelo técnico da Emater/RS-Ascar Cláudio Luza; palestra sobre Microrganismos Benéficos à Parreira, com o agrônomo da Epagri/SC, Murilo Dalla Costa; e visita a um vinhal, na propriedade de Avelino Guadagnin, onde o agrônomo da Emater/RS-Ascar Enio Todeschini, e o técnico Cláudio Luza, explicaram sobre as plantas de cobertura do solo e poda de inverno.

O Seminário foi promovido pela Emater/RS-Ascar, Centro Ecológico de Ipê e Prefeitura de São Jorge, com apoio da Embrapa uva e Vinho, de Bento Gonçalves, e o patrocínio de diversas entidades. 

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