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Seminário resulta em propostas de utilização adequada da cama de frango

Entre os dias 31 de novembro e 2 de dezembro, foi realizado na Embrapa Milho e Sorgo o Seminário “Uso da Cama de Frango na Agropecuária”.


Entre os dias 31 de novembro e 2 de dezembro, foi realizado na Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) o Seminário “Uso da Cama de Frango na Agropecuária”. Durante o evento, foram discutidas alternativas de destinação adequada para a cama de frango, produto constituído, basicamente, de restos de ração, fezes, urina, penas e de substrato absorvente usado para forrar o chão das granjas (palha de arroz, sabugo de milho, bagaço de cana e outros).

Desde 2004, uma prática que havia se tornado comum no Brasil foi proibida: a utilização de cama de frango como alimento para o gado. Cinco anos depois, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu procedimentos de fiscalização. Segundo a Instrução Normativa nº 41, de 8 /10/2009, se for comprovado o uso da cama de frango como alimento para o gado, o rebanho deve ser abatido pelas autoridades de defesa sanitária.

O objetivo da legislação é garantir a sanidade animal e evitar o risco de que a doença conhecida como “mal da vaca louca” ocorra no Brasil. Mas, com as normas, muitos produtores passaram a se perguntar o que fazer com a cama de frango retirada das granjas. A partir desse questionamento, foi organizado o seminário que ocorreu na Embrapa Milho e Sorgo. Confira, a seguir, uma entrevista com o coordenador do evento, o engenheiro agrônomo Marco Aurélio Noce.

Grão em Grão - Quais foram os objetivos do seminário?

Marco Aurélio - O evento teve como principais objetivos o desenvolvimento de novas abordagens e alternativas para o manejo e a destinação racionais da cama de frango, bem como a elaboração de um documento que possa servir como parâmetro para os setores de interesse, no que se refere aos processos de manuseio, tratamento, beneficiamento, comercialização e utilização da cama de frango como insumo agrícola.

Quem participou do evento?

Reuniram-se em torno de 120 participantes, entre pesquisadores, professores, extensionistas, produtores, membros de cooperativas, representantes do setor agroindustrial e de instituições governamentais de normatização e fiscalização de atividades agropecuárias, englobando todos os elos da cadeia produtiva do frango. Tais profissionais, através da apresentação de palestras, debates e discussões em grupo, trocaram informações e experiências, buscando nivelar os conhecimentos e estabelecer alternativas para a destinação adequada da cama de frango, que não agridam o meio ambiente e não penalizem financeiramente o produtor.

Qual foi a metodologia de trabalho?

Para que fossem atingidos os objetivos propostos, o seminário foi dividido em duas etapas, sendo a primeira uma rodada de palestras, em que nove palestrantes apresentaram seus conhecimentos e experiências, abordando desde trabalhos de pesquisa, passando pela legislação pertinente ao assunto, até os trabalhos de extensão rural e as experiências empresariais de beneficiamento e comercialização da cama de frango. Na segunda etapa, os participantes foram divididos em três grupos de discussão.

Quais foram os temas debatidos em grupo?

Cada um dos grupos tratou dos seguintes temas:

1. Manejo da cama de frango para uso como fertilizante na agricultura ou em pastagens:
benefícios e riscos do uso da cama crua ou beneficiada, formas de aplicação, equipamentos, doses;

2. Técnicas de processamento da cama de frango: compostagem, biodigestão, produção de biofertilizantes e outros;

3. Alternativas de agregação de valor ao produto: comercialização, alternativas de mercado, modelos de integração, sistema de troca do produto cru/beneficiado.

Como as discussões foram conduzidas?

Aos grupos, dentro de cada tema, foi proposta uma série de questões para discussão, buscando abordar todos os desafios e gargalos pertinentes ao assunto. O objetivo foi que o grupo discutisse as questões, tendo como norteadores os seguintes tópicos:

• Troca de conhecimentos e experiências;
• Problemas, desafios e proposição de soluções;
• Legislação vigente: prós e contras - possibilidades de mudanças;
• Demandas de pesquisa;
• Ações de transferência de tecnologia para sensibilização dos produtores e técnicos e divulgação dos procedimentos propostos.

Quais foram os resultados alcançados?

Cada grupo elaborou um documento onde estão enumerados os principais desafios e a proposição de soluções para eles, seja com as tecnologias já disponíveis, seja com a proposição de novas linhas de pesquisa e/ou de extensão, que possam trazer respostas às questões apresentadas.

Como já citado, o objetivo do trabalho é a elaboração de um documento único que possa servir como norteador a todos os envolvidos na cadeia produtiva de frangos de corte e, consequentemente, aos interessados no manejo e na destinação adequada da cama de frango, com o mínimo impacto ao ambiente e ao resultado financeiro do produtor com a atividade. Tal documento, quando concluído, deverá ser disponibilizado aos pesquisadores, técnicos da extensão rural e representantes do agronegócio do frango, nas principais regiões produtoras do país.

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