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Setor agrícola apresentará propostas a presidenciáveis

Abag busca aproximação com candidatos à presidência da República



A fim de minimizar os principais entraves para expansão do setor agrícola, como logística e infraestrutura, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) busca uma aproximação aos candidatos à presidência da República. Um plano de ação foi formulado pela entidade e será entregue aos três presidenciáveis mais bem posicionados nas pesquisas, na tentativa de obter o apoio deles.

O presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, disse em entrevista exclusiva ao DCI, que há um distanciamento entre o agronegócio e o atual governo, "fato que não ocorria durante gestões anteriores".

O plano de ação elaborado por um grupo de técnicos em parceria com a Abag se norteia por cinco princípios: sustentabilidade, competitividade, orientação aos mercados, segurança jurídica e governança institucional.

Os candidatos receberão o documento e terão a oportunidade de se posicionarem ao setor durante o 13º Congresso Brasileiro do Agronegócio, marcado para o dia quatro de agosto.

Na impossibilidade de comparecer, os presidenciáveis poderão gravar um posicionamento para ser apresentado durante o evento por um representante. "Cada um vai falar o que achou daquilo e vamos ver se condiz com as necessidades do setor", enfatiza.

Carvalho conta que os problemas do setor são discutidos com o governo há quatro anos, mas algumas decisões envolvem interesses de mais de um ministério e "o pleito do setor agrícola deixa de ser prioridade".

Desta forma, a última saída é passar a tratar com a presidência, daí o interesse pela aproximação com os candidatos ao cargo.

Segundo Carvalho, o corte de ministério seria uma medida cabível ao próximo gestor e os candidatos da oposição já falam nesta possibilidade. No mês de abril, o senador Aécio Neves (PSDB) esteve na Agrishow - maior feira de tecnologia agrícola da América Latina - citou uma reforma ministerial entre as proposta de governo e declarou apoio, inclusive, contra a crise do setor sucroenergético.

Um exemplo citado por Carvalho foi a existência do Ministério do Desenvolvimento Agrário e outro da Agricultura. O presidente da Abag lembra que existem políticas importantes voltadas ao pequeno produtor, mas os grandes também têm sua importância na cadeia e "deveriam ser geridos pela mesma pasta".

Em contrapartida, Carvalho destaca como ponto positivo a iniciativa do ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, em convocar representantes do setor agrícola no intuito de compreender os principais pleitos. "Temos essa novidade. A Casa Civil nos chamou para conversar, não é a presidência, mas está próxima. Agora esperamos conseguir um debate no Congresso", completa.

"Nossa intenção é manter as discussões vivas e obter respostas menos evasivas. Não queremos discutir preço, o foco é política pública, preço é consequência. Só não conseguimos entender porque o agronegócio não tem a devida valorização do governo como o principal motor do século 21. Os resultados da balança comercial são as principais provas disto", completa.

Entraves

"O Brasil foi convocado pela FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura] a aumentar em 40% a produção de alimentos considerando um crescimento de dois milhões para a população mundial, para os próximos 20 anos. Se isso não acontecer vai faltar comida no mundo", explica Carvalho. Para ele, esta expansão só será possível mediante políticas de estímulo à cadeia produtiva nacional.

Dados da FAO indicam que um terço da produção de alimentos no mundo é desperdiçado, o equivalente a 1,3 bilhão de toneladas e mais de US$ 750 bilhões. "No Brasil, um dos principais responsáveis pelo desperdício da produção é o problema de logística", diz o presidente.

Estima-se que tanto no transporte curto - das lavouras até os armazéns - quanto no transporte longo - dos armazéns para os portos - podem ficar pelas estradas cerca de 115 mil toneladas do grão. O volume é suficiente para encher mais de 3.100 caminhões, com capacidade para 37 toneladas cada um.

Outro problema destacado por Carvalho foi o sistema de seguro rural. "Os Estados Unidos tiveram uma forte seca alguns anos atrás, período em que o Mato Grosso sofreu pela mesma intempérie. Lá, todos os produtores continuam da mesma forma, aqui eles são protestados pelos bancos e adquiriram dívidas imensuráveis", conta.

Segundo o presidente, cerca de 6% das áreas agrícolas são seguradas no Brasil, contra mais de 90% na produção norte-americana.

Questões voltadas à sustentabilidade - adoção de práticas de produção agropecuária preservando os recursos naturais - também fazem parte das discussões do setor, que defende, por exemplo, agilidade na aplicação do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

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