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Setor avícola verá impacto da greve dos fiscais em agosto

O setor é o mais prejudicado entre os principais exportadores agropecuários


Reuters - As exportações de carnes, especialmente as de frango, devem sofrer impacto negativo em agosto com a greve dos fiscais agropecuários que já dura dez dias, pois as operações de algumas empresas estão sendo interrompidas pela paralisação, informou a Abef (Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Frango).

Embora o presidente-interino da Abef, Christian Lohbauer, considere difícil fazer uma estimativa dos prejuízos no momento a força da mobilização dos fiscais varia de um Estado para outro, ele ressaltou que o setor avícola é o mais prejudicado entre os principais exportadores de produtos agropecuários, pois qualquer paralisação tem um efeito dominó na cadeia produtora.

"A greve afeta todo o agribusiness, mas o frango sofre mais porque tem um ciclo de vida mais curto... é muito mais violento para a carne de frango que para a do boi. Em 45 dias o pintinho vira frango, tem uma cadeia montada de grande dimensão que vai até a saída do navio do porto."

Segundo ele, quando uma empresa pára de abater como ocorreu na quarta-feira em companhias do Sul, "para retomar é uma operação logística e mecânica muito complexa", que envolve até a questão sanitária. Os Estados com maiores problemas para escoar a produção estão entre os principais produtores: Santa Catarina e Paraná.

"Interrompe-se toda uma rede de conexões, é uma tragédia, um prejuízo para todo mundo, cada dia que passa uma greve dessas tem um efeito perverso para o frango... a gente tem que abater, se não consegue estocar, desovar no mercado interno, tem que enterrar". O executivo da Abef admitiu que a greve terá impacto nas exportações de agosto. "Vai ter uma curva, na primeira semana de agosto vai ter menos porque parou", afirmou ele, observando ainda que o setor corre o risco de perder clientes.

De acordo com Lohbauer, a cada dia o Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, exporta em condições normais 9 mil toneladas. "Se fosse paralisação absoluta, daria para pensar em 90 mil toneladas". O movimento, que foi retomado em 24 de julho após o fracasso das negociações com o governo federal, prejudica o setor avícola quando as exportações atravessam um bom momento, depois de um 2006 difícil em função da queda no consumo nos países importadores em função da gripe aviária.

Em julho, o Brasil exportou 258,7 mil toneladas de frango, contra 178,2 mil toneladas no mesmo mês do ano passado, informou na quarta-feira a Secretaria de Comércio Exterior. Em junho, a categoria havia feito uma paralisação de dez dias e em seguida deu uma trégua, para que o governo pudesse melhorar a oferta de reajuste salarial. Nesta manhã, o Ministério da Agricultura fez uma proposta para a categoria, que voltaria a se reunir com autoridades nesta tarde.

Grãos e cereais:

O diretor-executivo da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Sérgio Mendes, disse que a greve ainda não resultou em problemas como filas de navios nos portos ou "demourage" (multa pela espera de um navio). "Por enquanto o pessoal ainda não começou a telefonar, mas isso não demora muito para acontecer", afirmou ele.

Mendes destacou que o país tem previsão de exportar de 26 a 27 milhões de toneladas de soja este ano, mais oito milhões de toneladas de milho, um volume recorde desses dois grãos. "E para que isso aconteça, tudo tem que funcionar muito bem", avaliou, observando que a greve torna mais difícil operações em um país com conhecidos problemas logísticos.

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